A Menopausa e Eu: Lições do Dr. Verde

Eliane Beê Boldrini é Graduada em Psicologia, Mestre e Doutora em Educação. A partir deste domingo (23), escreverá quinzenalmente para Comcafé, sobre os temas de de seu conhecimento, começando por cuidados com a saúde, área na qual, a partir do viés da Psicologia, vem se especializando, sobretudo no campo da prevenção de doenças. 

Dr. José Luiz Verde.

O primeiro artigo que escrevi para Comcafé “Precisamos Conversar Sobre a Tireóide”, tive como inspiração minhas consultas, tratamento com Dr Verde e pesquisas sobre hipotireoidismo. Mas o médico cardiologista e especialista na medicina preventiva e antienvelhecimento, José Luiz Verde, foi minha maior fonte de inspiração.

Terminei o artigo dizendo que se o leitor estiver com o TSH muito alto ou muito baixo ou a temperatura basal significativamente abaixo de 36,5, deve procurar um medico para se tratar com formação ou na medicina integrativa/preventiva, ou ortomolecular ou nutrólogo. Enfim, um médico ou médica que saiba interpretar o organismo de forma integrada na dinâmica de sua fisiologia. Formação que a graduação na medicina não oferece devido a compartimentalização do conhecimento em especializações.

Abordagem, essa, que o especialista em cardiologia se cansou e buscou uma nova formação que permitisse não apenas tratar o doente, mas também prevenir para que seus pacientes não ficassem doentes. Estamos falando do Dr. Verde que foi estudar com o médico Dr. Italo Rachid, especialista no Brasil na medicina da longevidade ou antienvelhecimento, porque tratar e curar doenças do coração não era suficiente, ele queria prevenir.

Conversando com Dr. Verde em uma das consultas comentei que deveria ter sido difícil para ele especialista ter uma visão abrangente da saúde. Argumentei que para essa nova formação, provavelmente, ele teve que desconstruir sua formação acadêmica na medicina a fim de mergulhar no mundo da fisiologia e sua relação com os hormônios, as vitaminas, os micronutrientes e toda fauna de bactérias probióticas existente em nosso intestino a fim de prevenir doenças.

Ele respondeu que sim, que na graduação em medicina se estuda fisiologia até o segundo ano e depois só patologias. Portanto a graduação em medicina no Brasil, infelizmente, é centrada na doença e não na saúde. E Dr. Verde foi buscar com Dr. Italo Rachid o conhecimento de como prevenir doenças na juventude e ter qualidade de vida no processo de envelhecimento.

Sorte minha tê-lo conhecido e ter sido sua paciente ainda que por um breve período de tempo posto esta semana, a primeira do mês de abril, de 2019, o medico que cuidava de minha saúde faleceu, deixando em mim como herança a esperança de reconsquistar um pouco da juventude em plena menopausa. Escrevo esse artigo em memória a ele, o médico Dr. Verde.

Eu tive meu último filho com quarenta e sete anos e entrei no que chamam de climatério aos cinqüenta anos. Aos cinqüenta e dois anos minha vida virou de ponta cabeça. Os calorões, ou fogacho, eram experiências únicas, tão curiosas que eu esquecia o quanto também eram desconfortáveis. Parecia um fogo que me queimava de dentro para fora e não havia nada que pudesse aplacar pelo lado de fora: nem banhos frios, nem roupas frescas, nem gelo, nem nada. E eles vinham num crescente me fazendo suar muito. No inverno tirava os agasalhos e enquanto dormia acordava várias vezes à noite me descobrindo e cobrindo. Mas esse foi o menor dos meus problemas nessa nova fase da transformação decadente de meu organismo que, sem os níveis normais de hormônios e nutrientes em geral, estava envelhecendo de forma acelerada.

Além dos problemas de colesterol e triglicerídeo altos, vieram as doenças inflamatórias nas juntas e engordei vinte quilos. Porém, o pior de todos os sintomas foram os picos emocionais que eu não tinha nenhum controle e em geral aconteciam exatamente às 11h da manhã e se prolongavam à tarde. A família não entendia nada, o marido julgava e a filha me mandava tomar hormônios. Eu tomar hormônios sintéticos cancerígenos? Jamais! E fui levando a menopausa entre consultas com diversos especialistas na medicina conforme cada sintoma. Quando dei por mim estava tomando um mundo de remédios, inclusive sinvastatina para regularizar o colesterol. Um dia me dei conta do absurdo que estava se transformando a minha vida, parei com todos os remédios e desisti dos médicos e médicas, tratei de estudar sobre o assunto e começar a cuidar mais do meu pobre corpo.

Aos cinqüenta e sete anos eu acreditava que tinha os sintomas da menopausa no controle. Havia descoberto várias terapias como ozônio, autohemoterapia, fitoterápicos, alimentação saudável, natação, as famosas baixas doses de naltrexona conhecida como LDN, caixa orgônica e, sobretudo, evitar o estresse que era o que mais me matava. Eu me sentia verdadeiramente uma cinquentona empoderada.

Nessa idade (2018-2019) eu conhecia a clínica do Dr. Verde em Curitiba porque ele era um dos médicos que utilizava os protocolos com ozônio em suas terapias. Para saber mais sobre esses protocolos resolvi marcar uma consulta e essa foi a minha motivação, nenhuma queixa em particular. Contudo, recebi uma lista enorme de exames que eu deveria realizar antes da consulta, mais de trinta.

Munida de meus exames lá fui eu na primeira consulta. Após o diagnóstico com um equipamento de biopedância fui para a anamnese. O médico me fez várias perguntas sobre meu estilo de vida e saúde, analisou meus exames com referência numa tabela utilizada pelos especialistas de sua área e exames cardiológicos; afinal ele era cardiologista. Antes de me explicar como eu estava me fez uma pergunta. Essa pergunta era o seu indicador de qualidade no tratamento. Ele fazia para todos os pacientes: Que nota você se dá para como está hoje? Eu respondi com uma pergunta: Eu pós a menopausa? Porque minha vida é antes e depois da menopausa. Ele concordou que a menopausa era um divisor de águas na vida da mulher. Toda cheia de mim respondi: Oito, vou estar melhor quando emagrecer.

O médico me mostrou os resultados dos exames que fiz segundo sua tabela que tem como referência valores da saúde de pessoas entre vinte e trinta anos e não valores de mulheres na menopausa. Quem precisa de medico para atingir valores de referência da menopausa? Afinal o que é uma menopausa saudável? Menopausa não é saudável. Comecei a ficar impressionada e me achar uma idiota. Eu não tinha nenhuma doença, mas caminhava para várias como insuficiência cardíaca, pois não tinha proteção de vários micronutrientes (antioxidantes) que o coração precisa; o fígado tinha um pouco de gordura; a tireóide já estava ferrada por isso engordava, não emagrecia e tinha explosões emocionais; o sistema adrenal também estava comprometido; tinha inflamações pelo corpo por causa do estresse (cortisol) e proteção nenhuma contra câncer de mama, assim como risco de AVC, pois estava com colesterol e triglicerídeo altos entre outros indicadores fisiológicos assintomáticos; a falta de energia também estava relacionada com os hormônios, sobretudo o testosterona, baixíssimo; vitaminas D e B12 super baixas. Sem contar que o metabolismo era muito baixo, indicando que os hormônios da tireóide não estavam funcionando grande coisa enquanto os especialistas diziam que meu TSH era normal.

Dr. Verde me receitou um mundo de reposições hormonais bioidenticos, não são hormônios sintéticos, vitaminas e micronutrientes que ele chamava de antioxidantes, além do lugol e o LDN. Estes dois eu já consumia. Fiquei assustada no inicio, pensava: como vou lembrar de tomar tudo isso durante o dia? Precisa mesmo? Não é exagero? Pois é, nas primeiras duas semanas de tratamento, no inicio confuso, eu era outro ser humano: dormia bem, ah, maravilhoso hormônio melatonina! Minha pele foi ficando mais corada, cabelo parou de cair, o humor mudou radicalmente e quanto mais o tempo passava mais eu melhorava. Parecia que eu tinha feito plástica no rosto, pois diminuía a cada dia que passava o famigerado bigode chinês: benditos hormônios! E a energia? Maravilhosa, nunca mais procrastinei nada. E definitivamente parei de sentir dores nas juntas.

Voltei no Dr. Verde para uma reconsulta com novos exames, dessa vez mais humilde. E novamente ele fez a pergunta indicadora de qualidade. Eu respondi: na primeira vez eu posso dizer que minha nota era cinco, agora vou dar nove, dez só quando perder os 20 quilos. Mas não precisava tanto, segundo a tabela de biopedância preciso perder mais seis quilos porque com a melhora do metabolismo e limpeza do fígado que tive coragem de fazer dois quilos de gordura tinham se transformados em músculos. Ainda não cheguei no equilíbrio ótimo, estou em tratamento.

Agora Dr. Verde se foi para o todo sempre. Terei que buscar outra pessoa na sua área para me ajudar a conquistar esse equilíbrio. Contudo aprendi com o Dr. Verde que para além da menopausa existe juventude. Antes dele eu estava me adaptando ao envelhecimento na forma mais saudável que conseguia entre vários acertos e erros e estudos, mas me sentia muito só nesse processo. Após a experiência como sua paciente, tenho como referencia uma tabela com valores de saúde dos vinte aos trinta anos; redescobri a energia, leveza e entusiasmo pela vida que sentia na minha juventude e não me sinto mais só, pois tem outros médicos e médicas com sua formação e Dr, Verde me ensinou a confiar neles. Essa é a herança que o Dr. Verde deixou para mim como lição de vida. Sim, existe juventude na menopausa, só precisamos repor o que perdemos, controlar o estresse, dormir bem, fazer exercícios e se alimentar de forma saudável.

Então visite a feirinha dos orgânicos na sua cidade; compre uma bicicleta; deixe de lado as mesquinharias; não perca o sono por nada nesse mundo a não ser a saúde das pessoas que você ama. O resto se resolve e o que não tem solução, solucionado está. Segura na mão de Deus e vai aproveitar o milagre da vida porque ela é muito curta e nunca sabemos quanto tempo de fato temos nesse mundo. Dr, Verde se cuidava para viver até os noventa anos com qualidade de vida, mas faleceu com cinqüenta e nove anos de insuficiência respiratória.

2 comentários sobre “A Menopausa e Eu: Lições do Dr. Verde

  1. Parabéns Eliane, pela sua história de vida pós menopausa, que nos meus 59 anos, também vivi e vivo e sinto na pele. Compartilho com você que não é fácil, tem períodos que temos que matar um leão por dia, mas faz parte do viver, e então vamos que vamos, porque tenho a esperança que um dia sempre é melhor que o outro, um passo de cada vez e de acordo com o alcance da nossa perna e as coisas vão se encaixando como um quebra cabeça sem fim.

  2. Dr Verde…
    Foi um Anjo na nossa vida, Deus o usou para salvar a vida do meu esposo, Grande homem de Deus, excelente profissional e de um coração maior que ele.
    Deixou um grande legado, quantas coisas aprendemos com ele, cuidados com nossa saúde.. Alimentos saudáveis, enfim… Jamais o esqueceremos.

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