A PÁSCOA DE MINHA INFÂNCIA


Ana Cherpinski é administradora. Nasceu em Virmond, viveu em Laranjeiras do Sul, radicou-se em São Paulo a 36 anos, mãe de duas filhas, amante da natureza e de esportes. Adora viajar, ler e é fiel apreciadora de vinhos.

Neste período da semana santa, minhas lembranças me remetem à infância, quando a Páscoa ainda tinha um significado Cristão muito grande. Na sexta-feira Santa começávamos a preparar os ninhos, onde o coelhinho deixaria os ovos . A confecção dos mesmos era uma missão importantíssima para nós, crianças. No sábado de aleluia, Ufa!… finalmente éramos liberados a comer carnes , já que resguardavamos toda a quaresma. Decoravamos ovos de galinha com cera de abelha fazendo desenhos nos mesmos, (método polonês), certamente trazido daquele país por meus avós. Depois os cozinhavamos com folhas de um capim que os tingia de vermelho, (não lembro o nome) e ficavam lindos . Era uma verdadeira competição de design entre os irmãos. No domingo esses ovos eram consumidos no café da manhã como um complemento de Páscoa e não como objetivo principal. Não havia essa corrida ao consumo de chocolates nem a publicidade maciça em torno dele, como é hoje em dia. Tradicional mesmo era a missa de domingo de páscoa, pela manhã bem cedinho . Depois o almoço com toda a família reunida onde celebravamos o renascimento. Lembro ainda do ritual das três procissões no decorrer da semana santa. A malhação do Judas na sexta-feira. Outra tradição era a não permissão de bailes e saraus durante toda a quaresma e na sexta-feira santa o silêncio musical na emissora da rádio local. Não se permitia músicas “profanas” Costumes como estes se perderam nos tempos atuais, porém as lembranças guardo no coração e gosto de contar para minhas filhas. Ensino a elas que, com ou sem chocolates e bacalhau, acreditem na fé e no amor ao próximo, que valorizem a vida e as relações fraternas e que a crença de uma humanidade mais justa e melhor, floresça a cada dia e seja um rito para os novos tempos. Feliz Páscoa

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