Claudir Justi: o grupo o lançou candidato a prefeito e ele resolveu desafiar a oposição

Ele diz que foi prefeito por acaso, e que “não teve estômago” para lidar com alguns detalhes da política, que considera inaceitáveis. Mas lamenta não ter tido habilidade para buscar outras vias, o que atribui à falta de experiência como gestor público, à época.

Claudir Justi, ex-prefeito de Laranjeiras do Sul.
Claudir Justi, ex-prefeito de Laranjeiras do Sul.

Mesmo sendo filiado ao PMDB desde os 18 anos, sem nunca ter concorrido a cargo público, o ex-prefeito que governou Laranjeiras do Sul de 2001 a 2004, diz que sua eleição foi totalmente um acaso. Ele conta que que não queria ser candidato, mas os correligionários disseram:  vamos citar você, só para termos um nome para apresentar durante a reunião do PMDB, que exigia o apontamento de um candidato. Nessa reunião se sentiu provocado por alguém que duvidou da sua condição e resolveu aceitar o desafio para valer.

“Durante essa reunião, alguém me provocou, dizendo: Mas você, Justi? Você não tem condição nenhuma de ser o candidato. Então, eu disse: Porque não? Sou nascido aqui, sou um cidadão de bem. Qual o problema comigo? A partir daquilo, decidi que tinha condições sim, e não só fui o candidato como fui eleito”, conta.

Essa decisão foi acertada?

Do ponto de vista pessoal, não. Me arrependi depois, mas já era tarde. Embora tenha aprendido muitas coisas que não saberia se não tivesse vivido essa experiência, principalmente sobre o meio político.

E de que ponto de vista, foi acertada?

Penso que para o município, fizemos coisas importantes. Por exemplo, quando assumi, os funcionários não recolhiam INSS e não tinha o Fundo de Previdência. Os aposentados eram pagos como se fossem da folha. Então organizamos isso. Que segue importante.

Quais outras ações que o senhor destacaria?

Do ponto de vista administrativo, regularizamos diversos terrenos, inclusive o da creche das irmãs. Na educação, tínhamos funcionários trabalhando em escolas particulares, o que também organizamos. Fizemos aquisição de terrenos. Viabilizamos com o Sr. Zelindo Trento a doação de um terreno para outra creche. Também municipalizamos a antiga casa do juiz.O município pagava muito aluguel.

Tiveram obras importantes de infraestrutura?

Sim. O Centro Cultural, foi uma delas, embora não tenha finalizado o mandato com a obra concluída. Mas deixamos R$ 200 mil liberados para equipá-lo. A Escola Aluísio Mayer, com recurso próprio do município.  A Cantuquiriguaçu tinha escritório em Curitiba, e após criarmos o Plano Diretor Regional, veio para cá, criando o Condetec, importante instituição. Creches do Posto das Palmeiras e Cristo Rei. O calçamento até Alto São João. Compramos o terreno no Sol Nascente, para fins de habitação.

Como foi sua atuação e articulação política fora de Laranjeiras?

Nesse sentido digo que foi difícil. Eu não concordo com muitas coisas que acontecem na política. Algumas negociações que são propostas a um gestor são inaceitáveis. Acima de tudo sou cristão, preso pela retidão, pelo certo. Há coisas que fogem dos meus princípios. Confesso que rezei para não me corromper e que recusei alguns negócios, porque temia comprometer o município e também porque não julgava serem corretos. Mas hoje, penso que haviam outras saídas que não busquei por falta de experiência.

O senhor delegou poder, foi um prefeito dinâmico flexível?

Ao meu modo, deleguei. Mas sentia muito compromisso com a coisa pública. Eu sempre quis tomar conhecimento do que se estava fazendo.

O PT diz que mesmo tendo sido vice, nunca assumiu e que teve pouca participação. È verdade?

Hoje, acho que eles têm razão em reclamar. O PT merecia ter tido uma participação maior, sim. Mas foi falta de experiência. Nunca foi uma coisa planejada, do tipo para diminuir outro partido.

E como o Senhor vê o desenvolvimento de Laranjeiras, hoje?

Vejo que está indo muito bem. Tem coisas importantes acontecendo na área social, de infraestrutura, estruturação e manutenção da estrutura pública da cidade. A presença das universidades eu diria que é o marco histórico do município.

Tem alguma ação ou condução política que o senhor se arrepende de não ter feito ou agido diferente?

Tem sim. Sobretudo no campo político. Hoje, penso que poderia ter tido uma parceria muito mais interessante com o PT, partido do meu vice, Gerson Boldrini. Conforme mencionei antes, ele poderia ter assumido. Poderíamos ter ido juntos à Brasília viabilizar recursos junto ao Governo do PT, que sendo do seu partido, teríamos condições favoráveis. Isso não aconteceu por inexperiência política. Aproveito para pedir desculpas públicas ao PT!

Sobre sua trajetória profissional e pessoal, hoje com 60 anos, ele que é laranjeirense nato, diz que se mantém no mesmo ramo de atividade, comércio de materiais de construção, que por comodidade está com residência em Rio Bonito do Iguaçu, onde tem uma de suas lojas, mas continua com a matriz em Laranjeiras do Sul, onde também trabalha.

Claudir Justi tem formação até o ensino médio, como técnico em contabilidade. “Depois da experiência como prefeito, voltei para minha atividade. Graças a Deus, tenho uma vida pessoal e familiar estruturada. Não precisei pedir arrego para deputado”, acrescenta. Atualmente, ele está filiado ao PDT e diz que apoia a prefeita Sirlene Svarts, por afinidade

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