Debate sobre violência contra a mulher, mostra que mesmo tendo Cida Borghetti como vice –governadora, Paraná ignora a vergonhosa posição de 3º colocado no Rankin brasileiro de feminicídios.

Eva Schran, secretária da Mulher e vice-prefeita de Guarapuava, em palestra, durante o 1º Encontro de Política para Mulheres, em Laranjeiras do Sul.
Eva Schran, secretária da Mulher e vice-prefeita de Guarapuava, em palestra, durante o 1º Encontro de Política para Mulheres, em Laranjeiras do Sul.

Durante o 1º Encontro Sobre Política Para Mulheres, realizado pela Secretaria de Assistência Social de Laranjeiras do Sul, a secretária da Mulher e vice-prefeita de Guarapuava, Eva Schran, que é atuante em seu município, mas que também é da base do Governo Beto Richa, ficou em “saia justa” quando perguntada pela plateia quais são as ações do governo do Estado, em especial da vice-governadora Cida Borghetti, de quem se espera um posicionamento no combate à violência contra a mulher, no sentido de tirar o Paraná, do vergonhoso 3º lugar em feminicídios. Ela apenas disse que “infelizmente” não existe uma secretaria da mulher no Estado, o que poderia ser instrumento para fortalecer ações em todos os municípios.

A prefeita Sirlene Svartz falou sobre a triste realidade do Paraná, da qual disse ter consciência de que Laranjeiras do Sul não é diferente. “A sociedade espera de nós um posicionamento. Por isso, estamos nos mobilizando, buscando medidas que combatam essa violência, a começar pela participação de pessoas com conhecimento do tema, que estão aqui hoje, e que podem nos capacitar melhor”, disse a prefeita, referindo-se à presença da secretária da Mulher de Guarapuava, da promotora do MP e do delegado adjunto da Polícia Civil (2ª SDP), Rodrigo Rederde.

Delegado adjunto, Rodrigo Rederde, fala sobre a realidade local e importância da vinda de uma delegacia da mulher, para Laranjeiras e região.
Delegado adjunto, Rodrigo Rederde, fala sobre a realidade local e importância da vinda de uma delegacia da mulher, para Laranjeiras e região.

Sobre a realidade local, cujos casos, por não ter delegacia da mulher, são atendidos por Policiais Civis, Rodrigo Rederde apresentou gráficos que mostram Laranjeiras do Sul com o maior número de registros de ocorrências, de toda a região circunscrita, de responsabilidade da 2ª SDP, que inclui nove municípios . No entanto, ele pondera que o número é proporcional a população que é maior. Ele acredita serem equivalentes os índices, se comparados com populações menores. “Ainda ontem eu comentava sobre a importância de termos uma delegacia da Mulher, em Laranjeiras do Sul. Assim, ganharíamos uma delegada da mulher, para cuidar especialmente desses casos, uma vez que devido à sobrecarga que já temos, fica difícil darmos a atenção adequada”, disse Rederde, reforçando que é preciso que as forças políticas se articulem em prol da vinda dessa importante instituição para o município.

De acordo com a promotora do Ministério Público (MP), Ana Carolina Moraes, a chamada Síndrome do Desamparo Aprendido” é um dos fatores que não deixa muitas mulheres se emanciparem, tanto financeiramente como emocionalmente, por entenderem como natural serem desamparadas e dependentes. “Venho de São Paulo e lá trabalhei numa Vara Especializada em atendimento à mulher”, disse a promotora, adiantando que o MP está planejando algumas ações no município.

Em sua palestra, a secretária da Mulher de Guarapuava, Eva Schran, enalteceu a iniciativa do município em estar começando a discussão sobre o tema, discorreu sobre suas experiências naquele município, relatando diversos casos e ações de combate. Ela ainda orientou as lideranças de Laranjeiras do Sul, quanto ao encaminhamento para a criação do Conselho Municipal da Mulher, e destacou que o foco do combate à violência é pela igualdade de gêneros, conscientizando a população sobre a diferenciação de tratamento e educação que hoje é dada para meninos e meninas, o que só reforça o machismo, e que, segundo ela, também é algo ruim para os homens. “Quando juntamos o rosa e o azul, temos o lilás. Essa é a cor da nossa bandeira. Até porque os homens também são vítimas do machismo quando se prega por exemplo, que homem não chora, que não pode relevar uma provocação no transito, e por isso, muitas vezes perde a vida”, observou a palestrante.

Além do combate ao preconceito e mudança de comportamento da sociedade na criação dos filhos, Eva também disse ser necessário que as instituições religiosas sejam parceiras nessa luta, bem como o envolvimento das mulheres na política. Ela ressaltou a gritante disparidade da presença feminina, ocupando cargos públicos, sendo menos de 10%, embora as mulheres sejam 52% da população, sendo maioria dos eleitores. “Uma comprovação clara do que estou falando e posso dar a vocês, é que na minha cidade, com quase 200 anos, é a primeira vez que tem uma mulher como vice-prefeita”, exemplificou.

Outra importante observação feita por Shran, é de que um município com predominância machista e com altos índices de violência contra as mulheres, em geral tem excesso de mulheres doentes, o que impacta na qualidade dos serviços de saúde. “Mulheres que sofrem violência ficam mais doentes. Ficam deprimidas, descuidando da própria saúde ou até vão mais ao médico como uma forma inconsciente de ver se alguém percebe o quanto ela está sofrendo”, comenta a secretária, baseada em estudos já feitos acerca dos inúmeros males que o machismo oriundo da ausência de conhecimento, assim como de uma forma de opressão à mulher, é responsável.

 

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