Ações assertivas e legais, tolerância, razão e paciência foram a tônica das orientações do superintendente do Incra, aos acampados.

Com decisão favorável até o momento, acampados do “Herdeiros da Terra”, área de titularidade da Araupel, em Rio Bonito do Iguaçu, receberam no último sábado (29), a visita do superintendente Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Nilton Bezerra Guedes, para orientações sobre o processo e procedimentos legais.

A partir das demandas e informações locais que relataram representantes das 1.600 famílias que habitam a área – cuja decisão judicial em relação à legalidade da ocupação, tramita em Cascavel, com pedido do Incra de deslocamento para Brasília – foram orientadas pelo superintendente a agirem com responsabilidade, coerência e paciência.

Bezerra Quedas

Dentre as dificuldades, reclamam da demora da entrega de sextas básicas e informações pontuais com relação a atuação do Incra, junto ao processo de desapropriação da Terra. “Sofremos perseguição diária, ataques de todas as formas. Precisamos de uma atuação firme, para que tenhamos a decisão judicial e possamos produzir dignamente, sobre a terra”, relata um dos coordenadores.

Bezerra explicou que as sextas básicas não são mensais. São encaminhadas bimestralmente, e para casos de emergência. Ele disse que enquanto acampados, eles devem plantar os alimentos de subsistência na terra. “Minha orientação é que vocês plantem. A sexta só chega para emergências. Vamos verificar os casos em que o Bolsa família pode auxiliar. Quanto à ao processo, asseguro que o Incra está agindo de modo a não perder conquistas já alcançadas. Afinal, se o problema é de irregularidade, temos de ver a origem dela”, ressaltou. Ele ainda reforçou aos acampados, que diante dos bons resultados que o movimento conquistou, a luta deve ser pacífica, que o diálogo e a razão devem ser as principais armas.

Parte da área do acampamento que completa um ano e três meses, nos próximos dias, pegou fogo, cuja causa ainda não foi identificada. Sobre as queimadas, os acampados estão plantando milho com máquinas manais, uma vez que o terreno não fora mecanizado para essa finalidade.

Mesmo que provisório, o acampamento conta com uma estrutura organizacional planejada, com atendimento em saúde, educação e responsáveis denominados coordenadores por brigada. Ainda não contam com serviço de água, nem luz. Mas providenciaram gerador de energia, para as principais necessidades e a água chega das fontes por meio de canos. Praticamente todos os barracos cultivam horta e outras plantações como, milho, feijão, mandioca e batata doce. Também criam galinhas e saem para trabalhar nos municípios vizinhos.

De acordo com o superintendente do Incra, os assentamentos da região, com produtividade agrícola e leiteira são a referência que os campados não podem perder de vista. Ele anunciou que o Incra vai trabalhar de forma regionalizada e que os Assentamentos de Laranjeiras do Sul e Rio Bonito do Iguaçu, foram escolhidos como modelo.

Camargo, que é um dos coordenadores do acampamento, falou sobre a crítica externa que o movimento sofre, ressaltando que é uma sobreposição de forças em cima dos mais fracos. “Querem denegrir nossa imagem. Confundir a opinião pública com relação a nossa luta. Absurdo é que não se indignam com situações que acontecem, a exemplo de um deputado que trabalhou sete dias e se aposentou”, arguiu.

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