O machismo e suas roupagens estampadas de egoísmo e desmerecimento da mulher
Fonte: resguardada

Fazer sexo é mais do que gostoso: é compartilhar a responsabilidade de assumir qualquer consequência decorrente.

Há uma semana, o drama da moça que após ter, naturalmente feito sexo com um rapaz, por algumas vezes, mesmo tendo se prevenido, por ter apresentado alguns sintomas semelhantes aos de gravidez, umas duas semanas depois, ficou legitimamente preocupada que pudesse estar grávida. Tinha muitos motivos para a preocupação. A começar pelo fato de não ser um relacionamento estabelecido e também por já ter filhos.

Aguentou uma semana a tortura da preocupação. Não queria fazer alarde, preocupar o bom rapaz, que conhecera por compartilharem de algumas atividades de trabalho e por terem afinidades. Ambos solteiros, nada de anormal. Após alguns encontros, ele prometera encontrá-la novamente no último final de semana. Então ela disse: “vou conversar com ele. Isto não vai impor nada ao relacionamento que mal começou, mas porque penso que é uma preocupação que não é justo eu ter sozinha. Quero que ele saiba que podemos ter algo a tratar, que me acompanhe, seja minimamente companheiro”. Eu a apoiei. Disse que era isso mesmo. Que se os dois iam conversar, se encontrar, de fato, era um assunto que deviam compartilhar e encaminhar.

Quando perguntei no domingo, se ela havia encaminhado e sobre o que fariam (em caso de confirmação, obviamente), mas se teria a cumplicidade dele, desabafou chorando: “Ele não apareceu e nem fez contato. Isso aumenta minha preocupação. Porque se confirmar uma gravidez, posso ter que enfrentar tudo sozinha.” Fui ao seu encontro. Havia uma ligação perdida do moço no seu celular. Mas logo depois ele já não mais atendia, nem respondia. Ela seguiu com o drama, até que ele fez um contato tipo, para não dar muito na cara o fora. Disse que esteve com muitos afazeres, etç…e, vamos combinar, isso não é coisa que se trate por telefone, muito menos por mensagem de whatsapp, né?

Seguiu a infeliz moça, a amargar a ausência do tal rapaz, quando seu interesse já não era mais transar com ele, mas falar sobre algo que podia ser sério e não queria estar sozinha. Quem é que quer? Seguiram as evasivas. Na terça ele mandou mensagem de áudio….dizia que já estava aliviado dos afazeres/compromisso e que gostaria de vê-la. Quando já era tarde, mandou mensagem que não estava passando bem e não iria mais. Mas que no dia seguinte, no caso terça, iria e conversavam. Ela chegou a dizer que também não estava bem, que sentia alguns desconfortos e que se sentia preocupada com uma possível gravidez, embora tivesse se prevenido.

Ela ainda ficou receosa de que pudesse ter sido desagradável, afinal não tinham compromisso sério, mandou mensagem dizendo que havia feito um teste de farmácia e que deu negativo (o que de fato a orientei/obriguei a fazer). Mas que seguia tensa, pois confiável mesmo, só o exame sanguíneo. O moço simplesmente, não respondeu.

Na noite de quarta, após passar da hora de alguém que prometeu aparecer, sequer ter feito contato, ela já irritada, mandou mensagem perguntando o que se passava. Ele respondeu que não tinha entendido a pergunta. Ela pacientemente ainda o lembrou que e havia ficado de aparecer para conversarem e que estava o aguardando, pois sentia necessidade de conversar com ele. Mas a resposta foi de que estava novamente muito ocupado, e não muito bem, que poderia ficar com alguma complicação e que outro dia conversavam.

Obviamente que no mínimo ela partiu para uma esculachada, já tendo a certeza de que se confirmada a suspeita, teria que dar cabo da situação, sozinha. O moço, antes todo disposto a fazer companhia e sexo, agora estava se sentindo no direito de se resguardar e sequer falar sobre o assunto.

Já no limite emocional do medo e incerteza, a acompanhei nesta quinta, para o exame sanguíneo, que felizmente confirmou-se negativo. O bom moço, sequer ficou sabendo e depois disso, já não importa que saiba.

Moral da história

Na hora de condenar, difamar e humilhar a mulher, não falta homem cheio de “moral e bons costumes” para dar pitaco e apontar o dedo. De hoje em diante, a hora que eu ver ou ouvir um homem abrir a boca para fazer ilações a qualquer, mas qualquer situação que envolva aborto ou coisa do tipo com desmerecimento ou o que quer que seja, que diminua uma mulher, pode ser na rua, na fila do supermercado ou no raio que o parta, vai ouvir a verdade. Inacreditável que ainda haja homens machistas e irresponsáveis em relação a possíveis consequências inerentes da sexualidade.

Conscientização

Não descansem professores! Promovam mais e mais debates nas suas escolas e convidem palestrantes para que os adolescentes aprendam a lidar com as responsabilidades que a sexualidade implica. Pois feio mesmo é não se trabalhar isso e termos pessoas com comportamentos tão imaturos na sociedade.

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