Olimpíadas ou OlimPiadas?

Diego Mendonça.Diego Mendonça Domingues é Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduado em administração tributária e integrante do levante popular da juventude e publica sua coluna todas terças-feiras, no Portal Comcafé.

Os Jogos Olímpicos no Brasil encerraram-se no último domingo (21/08). Bandeiras dos países que participaram dos jogos enfeitaram o Maracanã durante a cerimônia de encerramento e a sensação de dever cumprido tomou conta de parte do Rio de Janeiro – a cidade sede da histórica Olimpíada de 2016.

Especialmente antes do evento ganhava força a tese de que esse evento sendo realizado no país tinha caráter evidentemente irrisório principalmente devido aos gastos públicos dispensados em prol de uma realidade transitória e não inclusiva. Entretanto, logo após a cerimônia de abertura o espírito do brasileiro em geral se desarmou e as conquistas fizeram os defensores das OlimPiadas perderem espaço nos mais diversos ambientes. As conversas passavam a ser sobre os esportes, as vitórias, os atletas, o programa que financiava atletas militares etc.

Logicamente uma parcela da população continuou, pelos mais diversos motivos (desde discordar da programação da Globo até a crítica profunda ao cerne olímpico), afirmando que os Jogos estavam atrapalhando o desenvolvimento da Cidade Maravilhosa e também do Brasil. Mas os diferentes idiomas elogiando o povo brasileiro fez-nos sentir orgulho de ter conseguido fechar com chave de ouro o evento.

Fogos de artifício, anéis olímpicos, projeções, coreografias, danças, música e as mais diversas manifestações culturais conjuntamente com o ouro no futebol, no vôlei, na vela, atletismo, boxe, judô e vôlei de praia, além das medalhas de prata e bronze fizeram dos últimos 15 dias, dias de alegrias. O esporte em geral precisa de incentivos, e o evento é um dos maiores deles.

Entretanto, a favela esteve fora dos jogos. E isso não é bom. É mau. Foram ocupadas militarmente e removidas de maneira covarde. Covarde e hipócrita, pois na cerimônia de abertura as contradições se evidenciaram com o “Rap da Felicidade” enquanto a guerra civil que ocupa o Rio não parava. Tentam esconder as mazelas, mas não conseguem, e não podem, pois a pobreza material faz parte da classe mais baixa financeiramente do Brasil. E esses mesmos que tentam escondê-la, pobres de espírito, se apropriam dos favelados tentando mostrar a força do povo brasileiro e a superação desse povo sofrido utilizando a cara do pobre para enriquecer.

Estão mexendo com o macaco errado. E isso lhes custará caro.

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