OSTENTAÇÃO E IGNORÂNCIA

Ana Cherpinski é administradora. Nasceu em Virmond, viveu em Laranjeiras do Sul, radicou-se em São Paulo a 36 anos, mãe de duas filhas, amante da natureza e de esportes. Adora viajar, ler e é fiel apreciadora de vinhos.

Nasci e cresci em cidade pequena e há quase 40 anos foi jogada nesta “selva de pedras” chamada São Paulo. Desta forma ,adquiri uma grande vantagem que é a percepção da vida cotidiana nos dois extremos no que se refere à cultura social, valores morais e costumes.

Tive a oportunidade e a felicidade de viajar e conhecer muitos lugares. Neste contexto, percebi que a mulher Paulistana é a mais elegante e despojada na maneira de se vestir e se portar .Elas quase nunca pecam pelo excesso onde o “menos” sempre é “mais”. Hoje passeando pela cidade comecei a observar como as “turistas” de fora se destacavam em meio a multidão com suas roupas extravagantes, sapatos salto 15 ,cheias de adereços e até joias, demasiadamente maquiadas, completamente atípicas para o dia e o local, onde tudo isso apenas as faziam ficar completamente deslocadas.

Notoriamente se vê como a mulher paulistana é bem resolvida e autoconfiante. Em uma simples calça jeans, uma camisa lisa com mangas arregaçadas, uma rasteirinha , um rabo -de- cavalo no cabelo, evidenciando uma pintura discreta para parecer natural, está sempre elegante e bem arrumada, enquanto as outras que tentam aparentar “phinas”, não o são. As paulistanas não abrem mão da qualidade dos produtos, porém sabem onde comprar mais barato e não vão a lugares badalados e caros, onde muitas das outras frequentam, em geral apenas para tirar uma selfie em frente a uma vitrine de grife famosa, na Rua Oscar Freire, para em seguida postar nas redes sociais.

Fiquei me perguntando o que desperta tanto o deslumbramento á futilidade , onde um sapato Louboutin pode custar até 15 mil reais. Percebe-se que muitas vezes que essas pessoas não têm nem o dinheiro do Uber que as levou até lá e nem compram nada e, chego à conclusão que é por pura ostentação e ignorância. Existem muitas pessoas que realmente possuem muito dinheiro e consequentemente um alto poder aquisitivo, porém não demonstram de maneira alguma e não têm o mesmo interesse em consumismos fúteis . A exemplo de um vizinho que troca seu carro apenas a cada cinco anos no mínimo e sempre pela mesma marca ,modelo e cor. Como também um amigo que me ligou dias atrás, feliz da vida, contando que finalmente havia se livrado de seu veículo que deveria custar aproximadamente uns 200 mil reais e comprou uma bike para ir de casa ao trabalho, dizendo que tal decisão lhe daria mais mobilidade no trânsito e muita qualidade de vida .

No entanto, os dois relatos me levam a crer que o fenômeno da ostentação em questão, está mais acentuado nas camadas sócio-econômicas menos favorecidas , ou no mínimo desinformadas. Passando pela Av. Europa nos Jardins, onde me deparei com a loja das Lamborghinis, não senti nenhuma frustração ao vê-las reluzindo em suas vitrines, porém confesso que o relato da aquisição da bike de meu amigo me despertou uma enorme inveja. Portanto tenhamos sempre em nossas mentes aquele velho jargão que o “ser” é sempre mais importante que o “ter”.

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