Pais da laranjeirense encontrada morta com os filhos em Joinville, não falavam com ela há mais de um mês

Ela sinalizou que algo estava errado, não aceitava as ligações da mãe há mais de um mês, deletou a página no facebook e parou de levar os filhos para a escola, mas não foi suficiente.

Pais e Ana Paula Bilibio, após enterrar a filha e os netos no cemitério de Laranjeiras do Sul.

Após enterrarem a filha e os netos, os pais de Ana Paula Bilibio contam que ela parou de atender as ligações da mãe, há mais de um mês, excluiu a página no facebook e há mais de 10 dias, não levava as crianças de 6 e 3 anos, para a escola. O pai da menina de 3 anos, que mora em Joinville procurou um dos irmãos de Ana Paula pelo facebook, pedindo notícias dela, pois soube que a filha não estavam indo para a escola. A avó da menina também fez contato com o irmão, querendo notícias e avisando que iria acionar o Conselho Tutelar, pois não estavam conseguindo falar com a mãe das crianças pelo telefone. “Quando o pai da menina pediu amizade para o meu filho no facebook, eu orientei ele a não dar muita informação, dizer que ela tinha trocado o numero do celular, porque não sabia o que eles estavam querendo com ela. Depois a vó da menina também insistiu. Mas a gente também não sabia dela, então não tinha o que dizer”, conta a mãe Marli dos Santos.

A mãe conta que ano passado, Ana Paula foi junto com ela, o pai João Raimundo Bilibio e os dois irmãos mais novos, morar em Joinville. “Nós não acostumamos lá e voltamos morar em Laranjeiras. Ela dizia que não gostava daqui e não queria voltar. Então trouxemos as crianças conosco. Eu cuidei das crianças desde que nasceram. Daí ela veio nos visitar em março, e quis lavar as crianças. Foi um choque pra mim, ficar sem eles, aquela vez, já”, explica a mãe, ao dizer que antes dela parar de se comunicar, pediu que ela trouxesse as crianças de volta e ela prometeu trazer.

Religiosa e com a bíblia nas mãos, dona Marli diz que não encontra razões para a filha ter matado os próprios filhos e tirado a vida em seguida, unica informação que diz ter. “Ela sempre trabalhou, tinha experiência em trabalhar em mercado, farmácia, fez muitos cursos. Podia estar passando por dificuldades, mas se tivesse falado pra gente, claro que ia encontrar ajuda. O inimigo tentou até que ela fez isso. Agora, fazer o que? A dor é tanta que nem sei se dói o estômago a barriga ou onde que dói. Só Deus para nos amparar”, disse.

Uma ex-professora de Ana Paula que acompanhava o enterro e é amiga da família, diz que pelo que conhece da história da jovem, ela só pode ter tido uma depressão. “A mãe sempre foi muti atenciosa com ela. Cuidou dela e dos dois netos desde que nasceram. Ela pode ter se desesperado por estar longe, com dificuldades e com os dois filhos para cuidar sozinha. Sabemos que é uma carga forte para uma jovem de apenas 24 anos”, pondera a professora.

De acordo com a família, que vai nesta segunda-feira (28), à Joinville,  prestar depoimentos para contribuir com as investigações e retirar pertences da filha e netos. Ana Paula teria deixado um bilhete, que também será periciado, o que deve contribuir para os esclarecimentos. “Conversei com o namorado dela, que conheci lá, enquanto reconhecia os corpos. Ele estava bastante abalado e disse que ela havia se despedido dele. Mas que achava que era para voltar para Laranjeiras”, contou o irmão de Ana Paula, João Paulo Bilíbio.

Os corpos vão passar por perícia para que seja verificada a causa das mortes. No imóvel, que estava trancado por dentro, não havia sinais de arrombamento.

Publicação sobre o caso, do site A Notícia de Joinville:

‘Vi os dois pequenos deitados na cama’, conta mulher que encontrou família morta em Joinville
A família morava no local há pouco menos de um ano. Ana era natural da cidade de Laranjeiras do Sul, no Paraná, e veio morar na zona Sul de Joinville sozinha. Quando conseguiu se estabilizar, trouxe os dois filhos que estavam na casa da avó. O lar da família Bilibio contava com quatro cômodos: quarto, sala, cozinha e banheiro. No dormitório, havia apenas uma cama que era dividida pelos três. Desempregada, Ana Paula não estava conseguindo pagar o aluguel e deixou as crianças algumas vezes com a dona do imóvel (com quem havia feito amizade, mas não falava sobre sua vida) para procurar emprego. “Ela disse que estava difícil arrumar um trabalho. Mas eu também falei que não podia mais ficar com eles (as crianças) porque preciso cuidar da minha mãe que mora em Curitiba” desabafou a proprietária do imóvel que ao chegar de viagem encontra os inquilinos mortos.

Ainda segundo o delegado, a família foi vista pelos vizinhos pela última vez na última quarta-feira, possível data das mortes. Uma funcionária do CEI onde uma das crianças estudava, que não quis ter a identidade revelada, informou ter pouco contato com a mãe do garoto. Segundo ela, Ana deixava a criança na escola e não conversava muito.

O menino faltava às aulas diversas vezes e a coordenação da unidade precisava entrar em contato para averiguar o porquê do menino não ir à escola. A mãe justificava que estava à procura de emprego e nem sempre conseguia deixar Pedro no local.

— Já aconteceu outras vezes de ele não aparecer na escola por dois, ou três dias. Desta vez, fazia 12 dias que ele não comparecia. Nós tentamos ligar para a mãe neste período, mas ela não atendeu – assegurou.

Ainda de acordo com a funcionária, o menino não contava muitas coisas sobre o convívio familiar. Entretanto, em uma oportunidade se queixou às professoras que ¿estava triste porque não tinha muitos brinquedos em casa¿.

Segundo informações da Polícia Militar (PM), as duas crianças foram encontradas deitadas na cama, uma ao lado da outra. A mãe foi localizada já sem vida do outro lado do quarto, recostada em uma parede. A causa das mortes só poderá ser confirmada após elaboração do laudo do Instituto Médico Legal (IML). Também será feito o exame toxicológico para investigar se a causa da morte das crianças pode ter sido envenenamento.

Segundo informações do delegado Elieser Jose Bertinotti, da Delegacia de Homicídios (DH), a investigação inicial, após averiguações no imóvel, apontou um duplo homicídio seguido de suicídio.

“Ainda não coletamos os depoimentos das testemunhas e dos familiares que tenham alguma convivência, que possam esclarecer se ela estava depressiva, se ela estava com algum problema”, afirmou o delegado responsável pelo caso, Elieser José Bertinotti.

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