Produção de leite ainda não é potencialmente explorada na região Centro Sul

Embora Laranjeiras do Sul esteja entre os oito municípios melhores no ranking de maior produção leiteira da Mesoregião Sul, composta de 29 municípios, é preciso arranjos produtivos e vontade política para que o potencial leiteiro seja explorado, diz técnico da Emater.

Seminário 'produtores de leite do Centro Sul'.
Seminário ‘produtores de leite do Centro Sul’.

Durante o 1º seminário “Produção de Leite na Região centro Sul do Paraná”, realizado nesta sexta-feira, 27, no Assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul, com representantes da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), de Curitiba, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Cooperoeste/Terra Viva de Santa Catarina, Ceagro e demais entidades ligadas à produção leiteira, além dos produtores, debateu-se, as  perspectivas e desafios na produção de leite na região Centro Sul (exposto pela Emater), e potencialidades de industrialização do leite na região (exposto pela Cooperoeste/Terra Viva).

O prefeito de Rio Bonito do Iguaçu, Írio de Rosso, participou da abertura do evento e relatou uma parceria com interesse na importação de produtos orgânicos e agroecológicos, que está sendo viabilizada para a região, com uma organização europeia, que fez contato, durante um congresso agrícola que participou, no Mato Grosso do Sul, recentemente. “Tive a oportunidade de conhecer esse grupo da Europa, falei a eles sobre a produtividade de orgânicos e agroecológicos que os assentamentos estão desenvolvendo aqui, e eles ficaram tão interessados que já agendaram uma visita à região”, completou.

Perspectivas

O técnico Arnaldo Bandeira, extensionista rural da Emater, fez a primeira palestra do seminário, pela manhã, pontuando cada item da cadeia produtiva, que resultam no aumento da produtividade, que tanto se dá através do aumento do rebanho, como da adequação das condições da propriedade. “Felizmente, a produção da região Centro Sul, em especial desta região, vem crescendo por meio do aumento da produção e não do aumento do rebanho. Isto é muito bom!”. Ressaltou o técnico, destacando que a região Sul do Brasil produz o dobro da produção média brasileira das demais regiões leiteiras.

O professor da UFFS, Elemar Cezimbra, reforçou a importância da reforma agrária que resultou nos assentamentos, hoje grandes produtores de leite na região. “A universidade Federal da Fronteira Sul está voltada para o desenvolvimento regional. Nesse sentido, o conhecimento que está sendo disseminado aqui, é para o desenvolvimento da cadeia produtiva”, disse o professor, acrescentando que em recente decisão interna da universidade, foi estabelecido um cronograma de visitas às instituições e propriedades rurais, para um maior  conhecimento da realidade, o que deve resultar num grande seminário de pesquisa e extensão, no próximo ano. “A universidade não quer ficar só no campo teórico. Já temos alunos realizando importantes estudos de extensão, voltados para o desenvolvimento da cadeia produtiva, e queremos fazer mais. Não ficamos só no discurso”, complementou.

Desafios

A Cooperoeste fundada em 1997 e Terra Viva, do mesmo grupo, que em 1999, iniciou a parte industrial, embora sejam importantes exemplos de cooperativas leiteiras de São Miguel do Oeste, em Santa Catarina, apresentam suas experiências em aumento de produção, mas observam que para competir com as grandes cooperativas, ainda precisam crescer muito.

“Quando pensamos que começamos industrializando três mil litros/dia, e hoje passamos para 400, tendo capacidade para industrializar 500 mil litros dia, é um aumento extraordinário. Porém, quando sabemos que cooperativas que são ou que estão na região, a exemplo da Aurora e Piracanjuba, industrializam mais de dois milhões de litros/dia, temos certeza de que ainda temos muito o que crescer”, relativiza Nelson Fross da Silva, diretor financeiro da Cooperoeste/Terra Viva. De acordo com ele, a Piracanjuba, que é goiana, industrializa 2,5 milhões de litros/dia, só na unidade de Maravilha/SC.
Laureci Leal, que é assentado e vereador de Laranjeiras do Sul, diz que pretende voltar a produzir leite, e que está sendo articulado politicamente, em parceria com a Emater, a possibilidade da vinda de uma grande indústria leiteira para a região, que possa potencializar a industrialização, que hoje vive um descompasso em relação à produção. “Mesmo que a produção ainda seja pequena, comparando com o que se produz na região de Castrolanda, por exemplo, em média 15 litros dia por animal e 500 litros dia por produtor, enquanto nós produzimos em média 7 litros dia/ animal e 97 por produtor, a industrialização precisa ser alavancada”, afirma Laureci. Ele comenta ainda, que quando somadas as regiões do Oeste e Sudoeste, a produção da região Centro Sul do Paraná, cuja produção ainda é de apenas 1,5 milhões de litros dia, isto chega a oito milhões. Já, a industrialização, não chega a três mil litros/dia. “Então, está faltando indústria para que essa produção a. A partir dela, também se ganha em valor agregado”, finaliza.

Considerando as explanações feitas no seminário, fica claro que a partir da organização produtiva de leite, em grande volume nos assentamentos, a região começou a despertar para um mercado com grande potencial, sobretudo pela vocação leiteira do Sul do país. Mas a produção ainda carece de melhoria na qualidade dos animais e principalmente nas pastagens.

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