Dona Iracema Savaris é uma típica matriarca de origem italiana, que entre afagos e chamadas de atenção num filho e outro, preocupação com netos, noras e genros sobre a qualidade de vida e orientação profissional e educacional que cada um segue, trabalha muito e se orgulha da própria história de vida.

Quem vê dona Iracema Savaris, aos 68 anos, atendendo no espaço que organizou ao lado de casa para vender os produtos de fabricação artesanal,  sempre sorridente e bem-humorada, não imagina que ela acordou antes de muita gente jovem e segue noite a dentro para que seus quitutes estejam do gosto do cliente no dia seguinte. Nessa rotina, ela já vive há 28 anos, de forma legal, tendo formalizado a empresa e se capacitado, sem abrir mão do jeito caseiro e artesanal de fazer as receitas que herdou da mãe e da avó.

Dona Cema e duas das filhas, Luíza e Marcela, trabalham muitas vezes noite a dentro para manter os produtos mais vendidos. Na foto, uma das clientes com as três
Dona Cema e duas das filhas, Luíza e Marcela, trabalham muitas vezes noite a dentro para manter os produtos mais vendidos. Na foto, uma das clientes com as três

Ela é uma empreendedora nata. Mãe de cinco filhos, conta que sempre teve prazer em cozinhar para a família e que suas vizinhas sempre perguntavam se ela não tinha vontade de fazer seus pães, cucas, bolos, massas e salgados de festa para vender.

Foi pensando na possibilidade, então começou a fazer suas receitas por encomenda. Mas diz que o boca-a-boca foi acontecendo, ela foi incluindo as filhas para ajudar e, quando viu, teve que formalizar-se como empresa. “Quando abri a empresa, a clientela já existia”, diz dona Iracema, que religiosa, atribui seu sucesso a Deus.

A cliente Suelen Daiana Ribeiro diz que a preferência pelos produtos produzidos pela família, tem muitos motivos. “Além da amizade que tenho com elas, não abro mão do gostinho caseiro e confiança nos produtos”, diz.

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A sucessão para que os filhos deem continuidade a um negócio que deu certo, na opinião de dona Iracema, não pode ser depois que os pais morrem. “Sempre disse para as minhas meninas: vocês estão vendo que esse negócio é fruto de trabalho e dedicação, mas que dá resultado. Vamos trabalhar e cuidar dele. Elas foram vendo que era um trabalho seguro, e todas aprenderam. Hoje, duas delas trabalham comigo. Uma na panificação, outra só com os salgados para festa”, conta.

Pães caseiros e salgados para lanche
Pães caseiros e salgados para lanche

Com relação a por os filhos para trabalhar desde cedo, dona Iracema diz que foi a melhor coisa que fez. “A melhor coisa é ensinar os filhos a trabalhar. As gerações de hoje, sofrem outras influências e não querem isto. Mas é uma pena, pois trabalhar ao mesmo tempo que estudam seria uma boa alternativa de valor para muitos jovens”, avalia.

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“Vejo o quanto nos tornamos mulheres prevenidas para qualquer situação. Estamos sempre a frente do trabalho, temos domínio daquilo que fazemos e queremos fazer. Isso é muito gratificante e deveria ser sentido por todas as mulheres, pois essa sempre foi uma realização mais masculina. Mas não tem porque nós mulheres não termos também nossas ideias colocadas em prática”, diz dona Iracema.

Ela diz que além de ter a inspiração de família, com quem aprendeu suas receitas e o jeito na cozinha, empreender requer dedicação e cuidado. Logo que se decidiu pela atividade, foi investindo parte do lucro que obtinha para estruturar o espaço externo da casa, onde trabalha até hoje.

Pães caseiros e salgados para lanche
Pães caseiros e salgados para lanche

“Comprei fornos adequados, reformei o espaço e sempre invisto naquilo que é preciso para manter a qualidade dos produtos, mas nunca faço dívidas”, ressalta. Além disso, a empreendedora diz que acorda às 6 horas, pontualmente, ora todos os dias antes de começar o trabalho e segundo ela, inexplicavelmente, tem que cuidar para não faltar os produtos que seus clientes habituais e novos procuram todos os dias, inclusive gente de fora do município.

 

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