Vice-reitor da UFFS faz discurso em defesa da produção brasileira de alimentos saudáveis, em manifestação na Alemanha

Cerca de 33 mil pessoas  foram às ruas na Alemanha, em defesa do meio ambiente desintoxicação dos alimentos.

A convite da Misereor e Pão para o Mundo, o vice-reitor da UFFS, Antonio Inácio Andrioli, discursou neste sábado (20), durante a  grande manifestação sobre alimentação e agricultura, em frente ao Portão de Brandenburgo em Berlim da qual participaram e se pronunciaram cerca de 100 entidades de todo o mundo. Leia na íntegra, o discurso de Andrioli:

“Nós viemos do Brasil para falar o que se passa no Brasil no atual momento e, diferente do disse o nosso Ministro da Agricultura, estamos aqui para defender outro tipo de agricultura, que não destrua a biodiversidade e o nosso povo. O ministro Blairo Maggi, o “rei da soja”, está aqui na Alemanha para negociar com o Ministro da Agricultura Christian Schmidt e outros ministros europeus sobre a pecuária baseda na criação intensiva de animais, na qual a soja é o tema principal. Maggi está muito interessado em firmar um acordo comercial entre a União Européia e o Mercosul.

No Mato Grosso, por exemplo, o maior estado produtor de soja do Brasil, são produzidos anualmente 13 milhões de hectares de soja, nas quais são utilizados 270 milhões de litros de agrotóxicos, como o glifosato. Esses agrotóxicos são produzidos, entre outros, pela Monsanto e a Bayer. Os agrotóxicos contaminam o ambiente e intoxicam as pessoas, ocasionando muitos casos de câncer, um dos nossos maiores problemas de saúde pública. Os agrotóxicos contaminam até mesmo o leite materno e não há um efetivo controle da sua aplicação por parte do governo. As pulverizações aéreas ocorrem no entorno de assentamentos, comunidades tradicionais e áreas indígenas.

Os territórios estão sendo ameaçados no Brasil com a expulsão dos agricultores do campo, aumentando conflitos agrários e diminuindo a produção de alimentos para o consumo local. A oferta de água está sendo ameaçada por essas atividades econômicas e está relacionada à forma como o agronegócio expande suas fronteiras. Quanto maior for a demanda de carne e soja na Europa, maiores serão os conflitos agrários e a destruição da biodiversidade no Brasil.

Estamos aqui para exigir que a União Européia deixe de importar soja e carne do Brasil enquanto essas atividades continuarem destruindo o meio ambiente e violando os direitos humanos. Além disso, exigimos que não seja firmado o acordo comercial entre a União Européia e o Mercosul. Precisamos de políticas públicas que fortaleçam outras formas de agricultura e queremos que as nossas práticas ajudem na construção de novas ações de cooperação entre os países.
Portanto, queremos que a nossa agricultura possa produzir alimentos de verdade, sem agrotóxicos e sem provocar danos à natureza. Queremos mais práticas de agroecologia, no âmbito científico e como um forte movimento de aliança entre os agricultores e agricultoras do mundo, em cujo processo de transição as mulheres têm um papel fundamental.

Boa luta a todas e todos e até breve!”

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