A ARTE DE CONTAR…

O Colunista Sergio Caporasso é jornalista e pulica sua crônica semanal às terças-feiras, no Portal Comcafé. Foi Jogador do Coritiba, Juvenil, Operário Mercês, Trieste e Iguaçu. Tri campeão da Taça Paraná e mais 8 vezes da cidade de Curitiba. treinador do Trieste, Iguaçu, Flamengo e São Carlos de santa Felicidade. Ganhou os troféus Gralha Azul e Bola de Ouro. Também recebeu medalha de “Pacificador”, Menção Honrosa  do 1.º BPE; título de “Barão de Santa Felicidade”. Das viagens que fez pelo mundo, muitos registros e versões sob sua ótica, sempre fundamentada com informação. Aos 70 anos, é  coralista do Coral Allegro em Santa Felicidade, e se diz um vencedor, elegendo a música  MY WAY de Francis Alberto Sinatra, como trilha sonora de sua vida.

Difícil mesmo está em se desenvolver a arte de contar. Tão difícil, que se não contar no mesmo dia o assunto se perde no meio de tantos outros que surgem. E o motivo disso tudo, é a mídia impressa e televisada, que tem dado sempre o maior destaque nas notícias ruins, do que nas que nos trazem alento.

O panorama político é o que tem dado o maior número de notícias de todos os tempos. E a Polícia Federal mais parece estar nos parques de diversões, ou festas de colégios, em que a brincadeira do “coloque o rabo no burro, e ganhe um prêmio”. A brincadeira é a seguinte: com os olhos vendados, o aspirante ao prêmio, e tendo nas mãos um rabo de burro, com uma agulha em sua base, tenta colocá-lo no local correto. Se a Polícia Federal fizesse esta brincadeira, tentando acertar a corrupção nos órgãos públicos, civis, e militares mesmo de olhos fechados, em sua maioria de tentativas, acertaria facilmente o alvo. E tem cumprido com a sua missão de forma magistral. Uma infinidade de empresários, administradores, políticos, juízes, policiais, servidores públicos e infinidade de “laranjas”, que ganham apenas o que cai da mesa, tem sido encaminhados às barras da justiça. Pena que os “escapes” da lei permitam, liberações, relaxamentos, solturas, habeas-corpus etc. abrem as celas e deixam essa multidão responder em liberdade, e continuam na vida-torta de sempre.

E como vamos contar tudo isso, e de forma ampla e irrestrita, se não temos tempo de investigar e saber exatamente sobre o que estaremos contando, devido a avalanche de “novas” notícias. E temos absoluta certeza que o número de boas notícias é igual a de más, mas o que o povo em geral procura é sempre escândalos, sujeira, barbaridades, violência, enfim o que dá pontos na pesquisa. E as boas notícias são aquelas que geralmente não somam pontos na pesquisa, e temos principalmente em Curitiba uma infinidade delas. No aspecto da educação, a Prefeitura tem inaugurado várias escolas, e principalmente em Santa Felicidade com a Escola Municipal Vereador João Stival, belíssima construção, muito confortável e segura, servindo ao novo bairro Três Pinheiros. O mutirão de obras desenvolvido a pouco tempo, tem mostrado agora os seus resultados oficiais, dando a comunidade a tranqüilidade nas calçadas e em ruas recém asfaltadas ou recuperadas. Uma nova praça no Jardim Pinheiros E não temos tempo de contar tudo isso de tão rápido que as notícias se sucedem ou mudam o seu enfoque. Muitos presos, muitos soltos, muitos corruptos, muitos inocentados, alguns deles se fazem de esquecidos, que não lembrava que o iate em que passeou no outro dia, era de seu amigo particular. Outros que esquecem com quem falou, acertou detalhes de um “grande negócio” e que foram flagrados pela escuta eletrônica. E se conseguimos escrever alguma coisa sobre isso, não temos como concluir o nosso raciocínio, pois são tantas as marchas e contramarchas, que podemos até encontrar alguns desses envolvidos passeando no shopping, sem saber se ele fugiu, foi solto, inocentado, ou culpado cumprindo em regime aberto.

O jornalismo de hoje passou a ser uma colcha de retalhos, existem tantos fatos que se um jornal fosse publicar na íntegra os acontecimentos e os desenvolvimentos, necessário seria uma edição com 500 páginas diárias, e acrescentamos que no outro dia, a maioria dessas notícias já tiveram desdobramentos maiores do que imaginávamos. A notícia hoje desinforma, desilude, nos coloca no patamar dos imbecis, e podemos ficar um mês sem ligar a TV, rádio ou ler o jornal que tudo continuaria na mesma. As notícias se repetem, os escândalos se sucedem, as providências são sempre as mesmas.

Sinto-me como burro de engenho, que de olhos vendados, dá voltas e voltas no moinho de pedra, pensando que está indo para a frente. Só há uma vantagem em tudo isso, que mesmo sabendo tudo, sofremos e não conseguimos alterar as coisas, e quem não sabe nada de nada, pelo menos não sofre de sentimento de impotência. Muito próximo do que Shakespeare disse, eu repito “saber ou não saber, eis a questão”.

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