Abelhas: Em extinção, elas são responsáveis pela continuidade das espécies, inclusive a humana

Responsáveis por 90% das polinizações, as abelhas com ferrão, vem desaparecendo. Por isso, o objeto da pesquisa do mestrando Edimar Tenutti, é as abelhas sem ferrão, cuja variedade, diversidade e possibilidade de adaptação, as tornam muito importantes.

Favos de mel e própolis de abelha sem ferrão, inatura.

O interesse do pesquisador e meliponicultor Edimar Tenutti pelas abelhas sem ferrão, surgiu ao ver seus irmãos melando uma espécie de abelha chamada Jataí, popularmente chamada de Mirim (pequena, em Guarani), numa caixinha na propriedade da família, em 2014, no município de Candói.

Edimar conta que foi despertado, após fazer um curso técnico com ênfase em animais agroecológicos pelo Ceagro -Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia. A partir do conhecimento sobre os animais, começou um processo de aprendizagem, começando pelas iscas para captura, aprimorando as técnicas, desenvolvendo sua própria criação, e atualmente, fazendo um levantamento em campo, sobre a quantidade de espécies e ninhos de abelhas sem ferrão, para sua pesquisa de mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, pela UFFS – Laranjeiras.

De acordo com o pesquisador, no Brasil, são 250 espécies de abelha sem ferrão. Já, no mundo são aproximadamente 400 espécies só do gênero sem ferrão. Elas estão no continente sulamericano, Centroamerica e inicío do Norteamericano, na Africa (Madagascar), Índia, China, na Austrália e em toda a Oceania. Mesmo assim, pouco se fala dessas espécies.

Para pesquisadores já experientes como Cruz e Campos, que realizam constantemente pesquisas sobre abelhas, diversas espécies sem ferrão como Guaraipo (Melipona Bicolor) e Iraí (Nannotrigona Testaceicornis) estão presentes não só no Sul do Brasil, mas na América Latina, e também no Japão, onde são utilizadas em ambientes fechados para a polinização. Também em São Paulo, espécies como a mandaçaia (Melipona quadrifasciata quadrifasciata) são utilizadas em cultura de tomate e pimentão.

Iscas para a captura das abelhas.

Edimar observa que são muitos os exemplos de vegetações que dependem das abelhas para a polinização. Dentre eles, morango, pêssego, ameixa, pera, maçã, cebola, melancia, abóbora, pepino, girassol, goiabeira, jabuticaba, laranja, funcho, pimentão, abacate, acerola e canola, dentre outros que dependem do serviço prestados pelas abelhas para a reprodução.

Conforme destacado na pesquisa de Edimar, ainda não há estudo que mensure o valor nutricional do mel das abelhas sem ferrão, embora apresentem aspectos diferentes. “Em geral, são mais líquidos, apresentando até 40% de umidade dentro do mel. Também são mais ácidos. E sabemos que essa acidez é responsável pelo poder antibiótico”, acrescenta ele, observando que o fato do mel das abelhas sem ferrão ser comercializado a preço superior, por enquanto é apenas em função da menor produtividade por caixa. “Essa menor produção é apenas por caixa, mas não por abelha. Pois as abelhas sem ferrão podem até ser mais produtivas”, conclui.

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