Alunos da UFFS se dedicam à pesquisa de criação de camarão de água doce

 A iniciativa de apostar na produção de camarões de água doce, foi dos próprios alunos, que começaram uma experiência na propriedade rural de um deles. Eles trouxeram a ideia para a universidade, que adotou o projeto.

Ainda com muitos desafios de pesquisa a serem superados, esbarrando principalmente no aspecto reprodutivo dos animais, um grupo de alunos do curso de Engenharia de Aquicultura, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de Laranjeiras do Sul, já comemora os resultados conquistados até o momento, com a criação de camarão de água doce.

Fêmea da espécie Rosembergii, prestes a desovar.
Fêmea da espécie Rosembergii, prestes a desovar.

Tudo começou no final de 2014, quando o aluno Rubens Adriano Drzinddzik foi fazer estágio na Universidade Federal Tecnológica do Paraná, em Palotina. Lá ele conheceu uma experiência com camarões de água doce e voltou decidido a implementá-la, na região.

Rubens conta que com um grupo de amigos, o primeiro desafio foi encontrar e adquirir as pós-larvas de camarão. “Existem cinco laboratórios no Brasil (RJ, SP, ES, PE e RN) que produzem as pós-larvas, ou seja, quando já estão com cerca de 45 dias. O problema é que a demanda é maior que a produção. Até que conseguimos no RJ”, conta.

Micro crustáceos artemia - utilizados como alimentação das pós-larvas.
Micro crustáceos artemia – utilizados como alimentação das pós-larvas.

Antes da chegada das larvas, eles já recorreram aos professores do curso e sob a orientação deles, montaram um sistema de circulação de água, com recursos próprios.

Começaram com duas espécies: Macrobraquium Rosembergii, mais conhecido como camarão gigante da Malásia, que chega a atingir até 500g, por animal, e Macrobraquium Amazônico, este de tamanho bem pequeno, com peso em torno de 60g quando bem desenvolvido, espécie nativa brasileira.

De acordo com o grupo de alunos, que se ampliou ao longo do processo, passando a fazer parte, além do Rubens, o Helton Bartoszik, o Lucas Fabrício Vogel, Valterlei Marcelo Pereira e Marília Passarin, quando fizeram a primeira despesca (ato de tirar a espécie do viveiro), para trazer para dentro da universidade, tiveram uma boa surpresa ao perceber que havia um grupo de animais superior ao que esperavam que tivesse sobrevivido. “Então, abatemos alguns animais da espécie Rosembergii. Pudemos saboreá-los, constatando que a carne é rosada e mais suave que os de água marinha”, relata Marília.

Camarão da espécie Rosembergii, em fase mediana
Camarão da espécie Rosembergii, em fase mediana

UFFS adota o projeto

A transferência dos animais, da propriedade do Rubens para a universidade, aconteceu como uma espécie de adoção do projeto pela instituição. Os alunos aliaram os professores ao experimento e os convenceram a  buscar apoio financeiro e pedir emprestada uma parte da estufa do curso de Agronomia. “Todos estão nos apoiando muito. Fizemos aproveitamento de materiais, a universidade passou a custear algumas despesas e acreditamos que iremos superar os desafios que ainda são grandes”, comenta Rubens, referindo-se à fase de gargalos que o projeto está enfrentando, em relação à sobrevivência das pós-larvas.

Camarões da espécie Amazônico
Camarões da espécie Amazônico

Como fazer com que a reprodução vingue

Dentre os desafios cotidianos do projeto, está a descoberta dos motivos que as pós-larvas da primeira desova dos camarões, não vingaram. Os alunos contam que até que os amimais passem por essa fase, é preciso salinizar sinteticamente a água, deixando semelhante ao habitat natural da origem da espécie. “Estamos identificando e já apontando alguns possíveis motivos pelos quais não sobreviveram as primeiras pós-larvas”, diz Rubens, observando que estão desenvolvendo um ambiente artificial controlado em laboratório, aplicando o modelo de engenharia Aquícola, para a produção da pós-larva.

Estágio do projeto e perspectivas

Da esquerda para a direita, os alunos de Engenharia de Aquicultura: Helton Bartoszik, Lucas Fabrício Vogel, Rubens Adriano Drzinddzik e Marília Passarin.
Da esquerda para a direita, os alunos de Engenharia de Aquicultura: Helton Bartoszik, Lucas Fabrício Vogel, Rubens Adriano Drzinddzik e Marília Passarin.

Os alunos explicam, que no momento o projeto se encontra em fase piloto, identificando os problemas que se apresentam, e ainda sem perspectivas de poder ampliar para a comunidade. “No momento, o foco é na efetivação do projeto. Ainda não estamos podendo atender ao público externo”, previne Rubens.

Eles estão esperançosos em salvar a procriação de uma fêmea que está próximo da desova. Para a professora Silvia Romão, coordenadora do projeto de extensão que acolheu a experiência, no que depender do apoio da universidade, a experiência será promissora. Ela disse ainda que além do seu apoio, eles contam com os professores Frank Beletttini e Alexandre Monkoski (biólogos), Alexandre Manoel dos Santos (eng. civil e de produção), Jorge Parra (zootecnista) e Carlos Raupp (veterinário). Dois dos alunos envolvidos no projeto passaram a ser bolsistas para que se dediquem exclusivamente à pesquisa.

A expectativa de todos é de que o projeto prospere e entre na cadeia produtiva da região.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.