Diego Mendonça Domingues é Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduado em administração tributária e integrante do levante popular da juventude e publica sua coluna todas terças-feiras, no Portal Comcafé.

Um dos motivos pelos quais Laranjeiras do Sul/PR tem muito a comemorar é a existência de um belo exemplo de assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que há quase 20 anos demonstra seriedade na região e consolida uma dinâmica socioeconômica das mais avançadas do Paraná.

Esse fato se dá graças à união e organização do MST e às parcerias conquistadas especialmente com o poder público. Indicativo de que o Estado e os movimentos sociais precisam trabalhar em conjunto transformando os espaços geográficos, contrariando a tese de que o mínimo de Estado é o melhor caminho para avanços sociais.

A Reforma Agrária continua sendo um horizonte a ser buscado pelo Movimento, e, por isso, as famílias continuam organizadas em torno do MST, sendo educadas na luta diária pela vivência e formadas num campo já tão diferente daquele das lembranças de nossos avós e pais.

O Assentamento é uma história de sucesso. Em 1997 cerca de 200 famílias acamparam nas margens da BR-158, e em 1998 a fazenda Rio do Leão foi ocupada pelos acampados. Em 1999 o INCRA desapropriou a área beneficiando 74 famílias.

Em 2007 constituiu-se a Cooperativa Agroindustrial 8 de Junho – a CoperJunho, a partir da organização de mulheres em torno de uma padaria e beneficiamento de alimentos em geral.

Ainda, a Universidade Federal da Fronteira Sul tem um de seus campi situado dentro do assentamento, sendo assim fruto de uma parceria com o governo federal.

Além de uma cooperativa que movimenta o mercado da cidade, com produtos de qualidade que são vendidos no Mercado Municipal de Laranjeiras do Sul/PR, e de uma universidade federal sintonizada com os problemas atuais do campo, o governo municipal também realiza obras no assentamento.

Ano passado foi entregue à comunidade uma quadra poliesportiva dentro do assentamento, que pode ser utilizada pelo público, e este ano continua em construção uma escola municipal a qual atenderá as crianças do local.

O assentamento 8 de Junho é o atestado de que um trabalho coletivo realizado com determinação, força e seriedade dá bons frutos não apenas para uma parcela insignificante da população, mas para a própria coletividade.