Conheça Eduardo Moreira: o ex-banqueiro que se tornou militante voluntário do MST
Fotos: Leandro Taques

Anunciando que está produzindo um documentário sobre a realidade que viu dentro dos acampamentos e assentamentos do MST, Eduardo Moreira conta que depois de ter alimentado preconceito – o que atribui ao desconhecimento – sobre diversos grupos dentre eles o MST, mudou seus conceitos, tendo feito imersões junto aos grupos que lutam pela Terra e se tornado um defensor da Reforma Agrária e seus princípios.

Eduardo Moreira, recebe simbolo do MST, como lembrança da imersão no Acampamento Herdeiros da Luta, em Porecatu, durante o 32° Encontro Estadual do MST/PR.

Até ter a oportunidade de conhecer o MST – Movimento Sem Terra, o engenheiro civil que também é economista, dramaturgo, escritor e ex-banqueiro, Eduardo Moreira diz que, por conhecer apenas pela televisão, tinha um entendimento limitado sobre a importância da questão da Terra, passando a ver aquilo que achava que era um problema, como a solução para o Brasil.

A entrevista ao site Comcafé, foi no dia 07 de dezembro, quando Eduardo acompanhava o 32° Encontro Estadual do MST, enquanto passava alguns dias no Acampamento Herdeiros da Luta, em Porecatu, Região Norte do Paraná.

Comcafé –  Você se diz um amigo do MST, o qual vem acompanhando e que conheceu durante a Vigília Lula Livre, é isso?

Eduardo Moreira – Não, eu conheci antes o sociólogo Jessé Souza, que acabou se tornando um grande amigo, depois de um livro que eu escrevi. Eu disse ao Jessé que tinha alguns grupos que eu aprendi a ter uma imagem muito ruim, a desenvolver um preconceito, etc., e que eu queria  conviver com eles para ter uma visão verdadeira do que esses grupos representam. Falei quais eram os grupo e dentre eles o MST. Então o Jessé me disse que iria me apresentar ao João Pedro Stédele para que eu pudesse passar uma temporada conhecendo os acampamentos, assentamentos e  o trabalho do MST. Em fevereiro deste ano, eu passei a primeira temporada de 15 dias num acampamento do movimento, depois em outros, inclusive de outros estados e regiões do Brasil. Tem sido incrível para mim, ter essa experiência. Comecei a ver que aquilo que eu achava antes um problema, é na verdade a solução para os problemas que a gente tem. Hoje eu tenho plena convicção de que não dá para resolver os problemas do Brasil, sem começar pela questão da Terra, tanto para os indígenas, como para os agricultores e outros grupos que dependem dela.

Comcafé –  E que origem tem essa visão que você tinha antes?

Eduardo Moreira – Primeiro a gente é formado e educado pelo que assiste na televisão não é? A gente aprende que a verdade, ou seja o que é certo ou errado é aquilo que a gente vê no jornal nacional da TV Globo e nos outros principais jornais do país. E é muito difícil lutar contra isso. Agora, em algum momento a gente tem que aprender a se questionar. Por exemplo em relação à reforma da previdência, se a gente não vê uma entrevista de alguém que é contrário, em nenhum meio de comunicação, então tem alguma coisa errada que estão querendo esconder de nós. É daí que vem a mudança dessa visão. Teve um momento que eu me perguntei poxa cara, não é possível que você só tenha uma visão! Você tem que pelo menos conhecer qual é a outra visão que existe.

Comcafé – E já conheceu os acampamentos e assentamentos da região de Laranjeiras do Sul, que são os maiores da América Latina?

Eduardo Moreira – Ainda não. Mas já conhecei muitos em estágios super avançados, como os da Copran, da Copavi, vários, vários… e já vi coisas maravilhosas. Tanto que agora estou produzindo um documentário sobre o MST, para tentar mostrar para as pessoas, a realidade desse movimento.

Comcafé – E qual é a previsão de lançamento desse documentário?

Eduardo Moreira – Eu acho que nesse ano de 2020, ele sai. É algo para ser lançado no mundo inteiro, com muitas personalidades brasileiras e internacionais já entrevistadas. O que posso adiantar é que será algo grande.

Comcafé – Você tem alguma vinculação política?

Eduardo Moreira – Eu tenho uma atuação política, mas não sou filiado a nenhum partido e não tenho nenhum interesse em me candidatar a nenhum cargo.

Para as lideranças do MST, a presença de Moreira, que já vem se tornando comum entre eles, não só é bem vinda como importante para que a visão de alguém externo ao grupo, possa levar uma mensagem extra ao que comumente vêm sendo reproduzida pela mídia que, de acordo com pesquisa científica, dedica apenas 5% do espaço, à agricultura familiar.

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