Funai e Incra teriam iniciado o processo de desapropriação da área, onde inclusive, fica o cemitério indígena. Eles reivindicam a retomada da posse, alegando legitimidade, quando foram “engolidos” pela extinta Fazenda Sesmaria há mais de cem anos.

Reunião de moradores da área de conflito agrário, com o Capitão Busnello da PM.
Reunião de moradores da área de conflito agrário, com o Capitão Busnello da PM.

A área de 7.200 hectares está em processo de desapropriação há mais de 10 anos, segundo agricultores que sofreram ataques e despejos por parte dos indígenas, em reunião na tarde desta segunda-feira (07), com o Capitão Busnello, na 2ª SDP da Polícia Militar, em Laranjeiras do Sul. Até o momento, receberam apenas uma oferta de R$ 37 mil, pelas benfeitorias das propriedades, o que consideram uma afronta.

A família de Demétrio Fialka estava em casa, quando foi surpreendida por um “exército” de aproximadamente 100 índios, no último sábado, conforme relata. “O líder do grupo me disse”:  “nós temos que fazer isso porque o governo não cumpriu com o prometido. Nós avisamos em Brasília na última manifestação que fizemos lá, de que se não agilizassem, iríamos resolver por conta. Então não tem jeito, vamos ter que tirar vocês daqui”, contou Demétrio.

A área pertencente a Demétrio e mais quatro pessoas de sua família é de 30 alqueires, e a primeira do total de 7.200 hectares, na qual habitam 180 famílias. Ano passado, eles expulsaram um de seus irmãos e ocuparam a propriedade.

Após receber apoio da polícia que também foi surpreendida com a reação do grupo que atirou pedras, danificou as três viaturas, com foices e enxadas, além de ferir um policial, Demétrio se retirou da casa sem levar nada. O confronto com a polícia teria iniciado após a prisão de um Índio que portava arma de fogo. Para soltar um policial feito refém, eles exigiram a soltura do preso, o que foi atendido. Mas mesmo assim, de acordo com o capitão, durante o impasse, o policial sofreu lesões pelo corpo e ficou com a região do olho bastante machucada. Três viaturas ficaram danificadas.

Viatura Danificada pelos indígenas.
Viatura Danificada pelos indígenas.

Em seguida, policiais contam que os indígenas destruíram a residência e levaram os pertences da família para a beira da estrada. Além de Demétrio as demais pessoas de sua família também deixaram suas casas, com medo de sofrem alguma violência.

“Não queremos voltar para lá, enquanto não tivermos segurança”, dizem Geneci e Lídia Domenik, que se consideram na vez dos ataques, nas propriedades do entorno e que preventivamente, também já abandonaram as casas. “Queremos poder retirar os equipamentos agrícolas e para isso, precisamos do apoio da polícia”, disse Geneci.

No entanto, o capitão alerta que o abandono das residências facilita a ocupação pelos indígenas. “Sugiro que os senhores entrem com o pedido de reintegração de posse, até que a Funai e Incra, se posicionem”, orientou o Capitão Busnello, acrescentando que aqueles que ainda não têm, façam um interdito proibitório, por meio de advogado, para que o oficial de justiça conscientize os indígenas sobre a ilegalidade da ação, uma vez que o conflito agrário não será solucionado com violência.

As autoridades esperam que a Funai intervenha com urgência. Pois enquanto não se posicionar, são muitos os prejudicados, inclusive os alunos de toda a região, uma vez que o ônibus escolar não pode circular pela área ocupada pelos indígenas.

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