Inclusão produtiva com segurança sanitária, mas respeitando sempre as tecnologias tradicionais, foram a tônica do seminário.

 

4º Seminário de Agroindústria e Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar.
4º Seminário de Agroindústria e Comercialização de Produtos da Agricultura Familiar.

Com palestrantes especialistas, conhecedores e defensores da agroindústria, aconteceu nesta quarta-feira (19), o 4º Seminário da Agroindústria e comercialização de produtos da Agricultura Familiar do Território Cantuquiriguaçu, em Laranjeiras do Sul. O evento foi realizado em parceria entre Condetec, Adetur Lagos e Colinas, Sebrae, Emater e Governo do Estado do Paraná, com apoio da prefeitura de Laranjeiras do Sul, Cantuquiriguaçu, Pró-Rural e UFFS.

O consultor em agroindústria e legislação, Leomar Luiz Pezatto, discorreu sobre a importância do fortalecimento local, que implica numa legislação municipal na qual constem todas as práticas consideradas sem riscos pelo coletivo, desde que com amparo científico, o que pode ser obtido por meio de parcerias com as universidades. “Sabemos que em algumas localidades, acontecem impedimentos que desconsideram toda uma tradição e acordo coletivo. Há casos em que o Ministério público dá pareceres equivocados. Mas precisamos organizar a legislação municipal, pois é ela que nos ampara, para que possamos inclusive argumentar com propriedade com os representantes desse órgão, evitando que ocorra o tradicional jogo de hipocrisia, quando o município não quer se indispor com o MP, acatando qualquer orientação, mesmo que equivocada”, comentou o consultor, ao relatar um caso ocorrido em Santa Catarina, em que o Ministério Público cessou uma produção de queijo feito com leite cru, alegando que no Brasil, é proibida a produção do produto com esse tipo de leite.

Exposição de produtos da agroindústria.
Exposição de produtos da agroindústria.

A médica veterinária da Emater, Mônica Karan Silva, falou sobre os desafios de atender a legislação sem deixar de produzir alimentos com as características artesanais, de acordo com os eixos que o Estado do Paraná, elenca como fundamentais, que são: produzir alimento seguro; renda no campo; sustentabilidade ambiental e propiciar qualidade de vida. “São adequações complexas, muitas vezes, mas que precisam ser mantidas em sintonia”, reforça a palestrante, assegurando que há de fato uma preocupação de todos os órgãos, em todas as hierarquias, com essa harmonia entre os eixos que sustentam da agroindústria.

Para Alfredo Benato, veterinário da Secretaria de Saúde de Curitiba, os agentes sanitários dos municípios precisam agir também na prevenção ao consumo de produtos maléficos à saúde, e se preocupar menos com a colher de pau ou a tábua de madeira que são utilizadas na produção agroindustrial. “É preciso que se oriente sobre as consequências do consumo de farinhas brancas, incluindo excesso de açúcar e sal. O consumo dessas farinhas, causa Diabetes e, enquanto nos preocupamos excessivamente com os utensílios, as pessoas migram cada vez mais para essas armadilhas disponibilizadas pelas grandes indústrias”, enfatizou.

Palestrantes da Emater, Mary Stela Bischof e Mônica Karan Silva.
Palestrantes da Emater, Mary Stela Bischof e Mônica Karan Silva.

Já, a engenheira agrônoma da Emater, Mary Stela Bischof, apresentou estudo sobre o mercado da agroindústria que se subdivide em longo, médio e curto circuito, considerando respectivamente as compras institucionais (merenda escolar) os pontos de vendas em grandes redes de supermercados, em mercados especializados ou em feiras e compra e venda de relação direta entre consumidor/produtor.

De acordo com Mary, fato é que a demanda por produtos da agroindústria apresenta um aumento constante, tendo sempre como exigência dos consumidores a confiança na procedência dos produtos. Isso torna cada vez mais necessário o entendimento da gestão local, sobre a vocação de cada região produtiva, podendo ocorrer flexibilizações legislativas como termo de ajuste de conduta e acordos coletivos, desde que não haja risco à saúde. “A nossa preocupação é de que esse produto a venda no mercado, atenda para além de não oferecer risco. Queremos que seja assegurado também, o sabor e o diferencial em nutrientes, que o consumidor espera encontrar, estando disposto até a pagar a mais por isso”, observa. Ela destaca ainda a necessidade de adaptação na apresentação dos produtos, atendendo as novas exigências de mercado, por conta das mudanças de hábitos, oriundas da tecnologia. “Um exemplo é que hoje não somos mais trabalhadores braçais que precisavam de grandes quantidades de alimentos. Hoje, mesmo no campo, se trabalha com tecnologia e as porções que se consome são menores. Posso citar o exemplo de uma deliciosa bolacha que experimentei num hotel. Era de um sabor único, e havia de vários sabores, mas como a unidade era muito grande, só experimentei uma”, exemplifica Bischof.

Mercado de hortifruti na agroindústria

14731245_812960742139731_8934951288482990139_nFalando sobre o mercado de Frutas, Verduras e Legumes (FLV) da agroindústria, esteve o presidente da CEASA – central Cutiba, Natalino Avance de Souza, que explanou sobre os aspectos estruturais, como funcionam e a importância do mercado. Ele explicou que o Paraná se volta hoje para uma diversificação na produção, ocupando o espaço que já foi quase exclusivo da produção de grãos em larga escala. “os grandes produtores de grão que se concentravam no Paraná, estão investindo hoje no Mato grosso e outros estados com vastas áreas. O Paraná tem aberto cada vez mais espaço para a produção diversificada, tanto no sistema convencional como agroecológico. Isto não é apenas política deste ou daquele gestor estadual. É uma tendência que passa pelo crivo de setores muito fortes e consolidados da agricultura, como FAEP, Fetaep e Ocepar”, afirma.

Natalino deu um exemplo do quanto a produção alternativa pode ser mais rentável. Ele cita que um hectare de soja, proporciona uma renda bruta de R$ 2,500, enquanto que a mesma área cultivada com rosas, rende R$ 70 mil. “O Paraná até então, se voltou para uma competência específica, a de produção de grãos. Hoje graças a uma tendência que vem sendo cimentada no próprio segmento agroindustrial, estamos apostando nessa diversificação com apoio de duas importantes entidades, o IAPAR, voltado para a pesquisa, e a Emater voltada para a assistência técnica”, ressalta Natalino, observando que os grandes produtores, organizados em cooperativas, hoje se utilizam de assistência técnica própria dessas cooperativas, ficando a assistência pública muito mais voltada para a agroindústria familiar.

 

 

 

 

 

 

 

 

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