O monólogo Marias, se mostra mais que bem aceito nas escolas. Ao fim do espetáculo, há quem se aproxime de Duda e diga: “Não pare esse trabalho. É muito importante! Vivo esse problema em casa”.
Apresentação do monólogo teatral “Marias” de Duda Roth, no Col. José Marcondes Sobrinho.
O monólogo Marias, de autoria de Eduarda Rafaela Roth Levandovski (Duda Roth), apresentado nesta quarta-feira (16), no Colégio Estadual José Marcondes Sobrinho, tem a finalidade de conscientizar a sociedade sobre os danos que o machismo que é a principal causa da violência contra a mulher, causam, tanto às mulheres como à todos, desestabilizando o convívio familiar, prejudicando laços afetivos e carreiras, e, em números alarmantes, causando a morte de mulheres, impedindo muitas vezes que mães conheçam seus filhos e vice-versa.
A peça teatral surgiu a partir de uma oficina interna dentro do TULS, quando os fundadores se desafiam a preparar e ministrar aulas preparadas por eles próprios para o grupo, dando continuidade a formação, quando a integrante e ministrante da formação daquele dia, Geovana Bortoluzzi, deu uma tarefa a ser apresentada no final de semana seguinte. Era para cada um desenvolver um monólogo, o que foi apresentado em série, tendo como público expectador, tanto os membros da companhia TULS como seus familiares e convidados. Os resultados foram surpreendentes e dentre os trabalhos apresentados, a utilidade social do monólogo Marias, por trazer uma abordagem de fácil compreensão e ao mesmo tempo impactante, e certamente eficaz, no combate à violência contra a mulher.
Como em agosto, a Lei Maria da Penha completa 11 anos, foi sugerido a apresentação nas escolas, estreando no no Colégio Estadual José Marcondes Sobrinho, tendo aprovação da direção, professores e alunos, e manifestos de que é um espetáculo que não pode ficar parado. “Parabéns moça! Você não imagina o quanto que esse trabalho que você está fazendo é preciso. Vivencio isso na minha casa. Vejo minha mãe sofrendo o machismo do meu pai e também sofro muito por isso”, declara uma aluna à atriz, ao final da peça.
Outro item que chamou muito a atenção foi o silêncio e atenção dos alunos (meninos e meninas) para com a apresentação. Aquilo tinha um significado muito forte. Era como se dissessem: “Opa…você está falando do meu problema ou de um problema que vejo ou que já vi acontecendo com alguém que conheço”, disse Duda. Importante considerar que o fato da atriz ser uma adolescente, também favorece na interatividade com o público escolar.
A suposição não é vaga, quando sabemos que o município de Laranjeiras do Sul e demais da região, figuram tristemente, como os campeões no ranking nacional dos índices de violência contra a mulher, assim, obviamente, como no índice de machismo oriundo do conservadorismo e da desinformação.
A peça é complementada por uma fala de um dos integrantes do TULS, desmistificando sobre algumas distorções que se faz acerca do feminismo e ressaltando que o machismo é ensinado também às mulheres. condicionando-as à ideia de que ser submissa e receber tratamento desrespeitoso é natural e normal. “É por isso que muitas vezes se demora tanto para que uma mulher reaja ao machismo. É preciso identificar, ter consciência de que aquilo não é um tratamento igualitário o que é direito de todos, para então se opor, se afastar do agressor e denunciar”, explicita.
Quanto ao feminismo, deixa-se claro que não é o contrário/antônimo de machismo. “Se fosse, não faria sentido defendermos. O feminismo prega a igualdade de direitos e convivência saudável e respeitosa entre os gêneros, inclusive, entre as pessoas que se identificam diferentes dos padrões heterossexuais. Se alguém pregar que no feminismo a mulher deva ser superior, está equivocado. Nossa luta é por igualdade, respeito e harmonia entre todas as pessoas”, complementa-se.
A apresentação é feita de forma voluntaria, em escolas interessadas, desde que solicitada agendada e combinado detalhes, através de mensagem pelo facebook do TULS – Teatro Unificado de Laranjeiras do Sul.
