Regulamentação do transporte escolar privado e público: uma necessidade urgente em Laranjeiras do Sul

Crianças que são esquecidas dentro de vans, esquecidas na escola, que caem e se machucam por não usarem qualquer equipamento de segurança, além da difícil tarefa das equipes pedagógicas em conciliar o tempo de aplicação de conteúdo com os interesses mercadológicos do sistema de transporte que para poderem passar em diversas instituições e terem maior número de alunos, exigem a entrega e busca das crianças em horários incompatíveis com os das escolas.

Aline Carla Trevisani com o filho Anthony Alberto Trevisani Costa Silva, agora com quatro anos, que foi esquecido dentro da van escolar.

São muitas as reclamações que chegam a este veículo de comunicação, sobre o transporte escolar, principalmente sobre as vans do transporte privado, que atuam em maior número dentro da cidade, fazendo a entrega e busca dos alunos dos CMEIs – Centros Municipais de Educação Infantil.

Na prática as normas do Conselho Nacional de Transito são ignoradas, e como ainda não há uma regulamentação no município, no sentido de responsabilizar os agentes do transporte por irregularidades, quem sofre são as crianças. É o que conta Aline Carla Trevisani, mãe de Anthony Alberto Trevisani Costa Silva, de quatro anos, em entrevista à Comcafé.

Como foi o ocorrido com seu filho, quando conforme você disse, o esqueceram por uma manhã inteira dentro da van escolar?

Foi dia nove de abril deste ano. Como todos os dias nós mandávamos ele para creche de van. Ela sempre chegava ate 07h e 30 min., não mais que isso. Até aí, tudo bem. Ele foi e nós fomos trabalhar. Eu saio sempre 11h para o almoço. Naquele dia me atrasei um pouco. Sai as 11:15. Cheguei em casa era 11:40 e o telefone tocou. Quando atendi era pedagoga da creche me perguntando por que o Anthony chegou naquele horário. Eu já fiquei apavorada ela falou: liga lá e veja aonde estava essa criança e o que estavam fazendo com ela.  Ela pediu para eu ficar tranquila, pois ele já tinha almoçado e iam pôr ele para dormir

E você ligou para o transporte, o que lhe disseram?

Eu entrei em desespero mandei mensagem na hora. Mas o cara da van me respondeu que não viram ele, lá dentro. Mas que assim que achou, levou para a creche, como se não fosse nada de mais. Eu liguei para o responsável e ele falou que não podia me atender, porque estava dirigindo. Que só depois da 13:30, como se a vida do meu filho não fosse nada de mais. Fui na creche buscar ele. Eu não poderia ir trabalhar e deixar ele lá, depois de tudo que ele passou. Quando cheguei na creche ele viu eu e o Diogo/pai, estendeu os bracinhos e começou a chorar. Os olhinhos dele estavam roxos envolta de tanto chorar.

Vocês levaram ele para algum tratamento ou para verificar se estava tudo bem, e qual foi a explicação do responsável?

Levei ele a um posto de saúde para ver se estava tudo bem. Graças a Deus, nada aconteceu, aparentemente. A noite e durante o dia, o motorista foi no trabalho do meu marido pedir “perdão”. Falou comigo também. Disse que o que ele fez era grave, mas não foi porque quis. Todo aquele papo. Me falou que pediu para a monitora ver se tinha saído todo mundo, e que ela falou que sim. Que então, ele foi para casa e não viu meu filho – na época com 3 anos e 10 meses – dormindo no último banco, e la ele ficou ate as 11:15. Disse ainda que só o viu na hora que pegou a van para passar um pano e buscar as crianças novamente, na escola. Me disse que meu filho não chorou, que a janela estava aberta (eu não acredito nele e nem na família dele). Agiram de má fé porque não avisaram nós. Se não fosse a creche avisar, eu creio que não ia saber de nada. Ele falou que ia me ligar as 13h. Mas duvido.

E que medidas vocês tomaram?

Fizemos boletim de ocorrência. Mas até agora nenhum retorno. Sendo que isso é um caso que vai direto para o Ministério Público. Então entrei com uma ação cível para processá-los. Não é justo ele não responder pelo crime que fez. E também porque é bem complicado o que passamos e ainda há consequências.

 

Outro casos – Conforme mencionado no início desta reportagem, o transporte escolar em Laranjeiras do Sul, vem recebendo reclamaçaões, há tempos, o que pode ser aferido no trecho abaixo, de uma matéria publicada neste mesmo veículo, em fevereiro de 2017 (link da matéria na íntegra:https://www.comcafe.net.br/pais-de-alunos-da-creche-n-sra-das-gracas-clamam-por-urgencia-na-adequacao-do-espaco/):

“Transtornos com o transporte escolar

O assunto foi levantado com grande ênfase e manifestação de descontentamento por usuários e educadores. Por um lado, o trato insensível de pessoas supostamente despreparadas para a função, que têm exigido retirar as crianças antes do horário de ensino, justificando que precisam buscar alunos em outras escolas, problema que vem sendo apontados por diversas instituições. Por outro lado, pais disseram que as vans estão carregando número excessivo de alunos, sem condições de segurança, mas que não são ouvidos nas reclamações diretas aos responsáveis, pois tais transportes não são regulados por nenhum órgão, que os pais tenham conhecimento. Houve o relato indignado de uma mãe que estranhando a demora, ligou para a pessoa responsável pela van, perguntando por seu filho e foi informada que ele não estava no carro. Já em desespero, tentando saber onde estava, recebeu a informação de que a criança havia dormido e os responsáveis, que pelo visto encerraram o trabalho sem verificar se todas as crianças tinham sido entregues, não o viram. “Tinham ido embora com meu filho no carro e não viram ele!”, desabafa a mãe. Houve muitos outros depoimentos de maus tratos dos atendentes nas vans, tanto com professores, diretores (ameaçando voltar buscar só depois das 17:30, caso não liberem no horário que querem) e com as próprias crianças, algumas deixada a distância insegura, de casa. Conforme deixou claro a diretora Marilda, o transporte privado é uma relação direta entre pais e empresas. No entanto, por ser um assunto relacionado à educação, presume-se que ao menos o município precisa indicar um órgão que regulamente e só admita empresas habilitadas e capacitadas para a prestação do referido serviço.”

Há ainda o relato recente de outra mãe, que não quis se identificar, cujos filhos foram esquecidos pela van, na escola. Quando seu sogro, o avô das crianças, ligou ás 18:30 em seu trabalho, estranhando que elas ainda não estavam em casa, a mãe foi até a creche e os dois ainda estavam lá.

O transporte Público não fica para trás

Principalmente em relação à segurança dos alunos, é visivel que os ônibus que atuam no transporte público, também não oferecem segurança. A começar pelo fato de que são comprados quando já não podem mais ser usados para o transporte de passageiros. Além disso, o não uso de cinto de segurança, e em muitos casos, excesso de passageiros. Ora! Para o transporte de público pagante, não servem mais. Mas para os alunos, ainda Pode servir!? Fica o questionamento ao Conselho Municipal de Transito, Comutran e Câmara de Vereadores de Laranjeiras do Sul, sobre quais medidas serão tomadas para assegurar que tanto o transporte privado como público (que também é pago) passem a ter critérios e responsabilização de responsáveis. Que pais e alunos não sofram mais, ou que se tais situações se repetirem, que os responsáveis sejam penalizados.

Comutran fará debate sobre o assunto

Os casos serão levados para uma reunião do Conselho Municipal de Transito, que será realizada nesta terça-feira (21), às 9h, na sala de reuniões da Secretaria Municipal de Urbanismo, em frente à Praça do Cinquentenário. Pais e interessados, podem comparecer e participar.

 

 

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