Sérgio Moro

Diego Mendonça Domingues é Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduado em administração tributária e integrante do levante popular da juventude e publica sua coluna todas terças-feiras, no Portal Comcafé.

Quem é Sérgio Fernando Moro?

Para uns, um paladino da ética. Para outros, na posição diametralmente oposta, uma peça da engrenagem imperialista no país tupiniquim.  Para uns, um símbolo do combate à corrupção, mal que assola a nação. Para outros, afirmação da seletividade da justiça brasileira, justiça cega sem eira nem beira. Para uns, juiz herói. Para outros, juiz que destrói.

Para todos, argumentos. Para todos, os fatos.

Comandante da Operação Lava-Jato, Moro nasceu em Maringá-PR, município do norte paranaense, em 1972. Tendo estudado na Universidade Federal do Paraná e na Universidade Estadual de Maringá, também participou de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro promovidos pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, além de ter participado de um programa de instrução de advogados em Harvard.

Uma das principais críticas na condução da Lava-Jato referem-se ao fato do vazamento de áudios da então presidente Dilma Rousseff em conversas com Lula. Para uns, o teor das conversas era de clara intenção de obstruir a justiça. Para outros, existem lei que impõe sigilo nesse tipo de caso. Para todos os fatos, os argumentos.

Desde sentimentos de “somos todos Sérgio Moro” até sentimentos de que Sérgio Moro representa a elite espúria da nação, é inegável que o juiz provoca uma ruptura com o padrão de acompanhamento da população brasileira sobre casos de corrupção no Brasil. Brancos, ricos, empresários e políticos estão sendo condenados. Por outro lado, até que ponto essas condenações estão beneficiando um outro grupo econômico?

Herói ou incendiário?

Num momento de ódio que assola a nação endossar qualquer tese extremista ou fundamentalista, ou dividir a razão em um binário obsoleto – pavio para qualquer guerra – é tolice. O fato principal é que o juiz age dentro das contradições inerentes à sua posição e alegar qualquer ideia ao contrário desta é irracional. Então, o que está em questão?

Está em questão o ponto até o qual existe de fato imparcialidade nas ações de Moro e a partir de que momento, se é que ele existe, o juiz passa a trabalhar para um determinado grupo ou segmento ou classe social. Se o preço da justiça é a quebra da economia de um país, não se deve pagá-lo sem repensar o sistema jurídico, político e econômico ao qual esse país está submetido. E repensar esse sistema é repensar a nossa própria constituição. É repensar o próprio Estado de Direito, e repensar o grande Capital.

A história de Moro será contada por diversos atores sociais, em diferentes versões. Cabe ao povo brasileiro produzir a melhor história para si. E que Moro seja, de alguma maneira, um ponto de inflexão o qual contribua para o aparecimento de uma cultura menos corrupta dentro das nossas instituições, e também fora delas.

P.S.: Coincidentemente hoje, na volta das férias da coluna no ComCafé, estou de aniversário. 25 anos. E pela primeira vez sentindo a idade. Dica: investir em viajar é um excelente investimento. Até semana que vem!

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