Tiradentes: mito ou verdade?

DiegoDiego Mendonça Domingues é Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduado em administração tributária e integrante do levante popular da juventude. Todas as quintas-feiras, publica sua coluna no Portal Comcafé.

 

Refletir sobre a biografia do homem que dá nome ao feriado de 21/04 de todos os anos, e mais, que simboliza atualmente a Inconfidência Mineira, é refletir sobre as condições a partir das quais a História é contada, ou seja, é refletir sobre quais fatores influenciam o ensino e educação de um povo. É repensar nossa cultura.

Lembro-me, ainda quando criança, em que tinha ainda mais fortemente no imaginário um Jesus Cristo Branco, cabeludo e de olhos claros, uma matéria buscando revelar a verdadeira fisionomia do Filho de Deus: totalmente diferente da do meu imaginário, com a computação eletrônica mostrando um barbudo de aparência sofrida. Admito que racionalmente esta segunda tese parece mais verídica. Por que retratariam Jesus, durante toda a História, de maneira diferente da real?

Mas a questão é Tiradentes. Quem foi esse herói da República? Quais seus nobres objetivos? Por que novamente traz a aparência similar à de um Jesus tradicional? Para os mais desavisados esses aspectos podem passar despercebidos ou até mesmo soar desimportantes, entretanto a explicação da História é o que nos permite transferir da aparência para a essência a verdade sobre os fatos. Filosofar, nesse sentido, é, também, compreender.

Os portugueses cobravam a taxa da Derrama sobre o ouro produzido no Brasil, e muito mais do que um movimento pela independência, os confidentes movimentaram-se – com ideais burgueses iluministas – contra o abuso dessa taxa num quadro de escassez de ouro na região. Prevalecia os elementos das elites em sua luta, com pequena parcela de interesses de militares de baixa patente (a análise de que os atuais deputados federais descontentes buscam uma revolta  – fim da lógica do baixo clero, de Fábio Vasconcellos – merece destaque).

Até 1889, portanto, Tiradentes, que possivelmente viveu sua vida inteira de cabelos curtos (tanto como militar quanto na prisão), era um homem sem glória nem liderança. Porém, as forças republicanas tinham uma missão: incorporar ao novo momento político nacional todas as figuras de baixo relevo monárquicas – sejam fictícias ou exageradas – como heróis da república.

Nisso, surge um Tiradentes Jesus Cristo, mártir símbolo republicano.

E você? Qual a sua história?

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