UFFS forma a primeira indígena da região, mestre em Agroecologia Rural Sustentável

O símbolo vai além de concluir um mestrado. Suzana representa a voz de seu povo, sobre como se sentem na atualidade, em relação à cultura alimentar.

Tendo defendido sua dissertação sobre “O Papel do Ambiente Escolar na Cultura Alimentar Kaigang: O Caso da Terra Indígena Rio das Cobras – PR”, no curso de Mestrado em Agroecologia Rural Sustentável, nesta terça-feira (29), a indígena Suzana Kagmu Mineiro é a primeira da região a concluir uma pós-graduação de mestrado, seguida pela correligionária e colega de curso Ilda Cornélio, que também defende sua dissertação sobre “Resíduos sólidos domésticos na Terra Indígena Rio das Cobras”, nesta quinta-feira (31).

Suzana é pedagoga e trabalha como funcionária pública no município de Nova Laranjeiras. Já, Ilda é Assistente Social, responsável pelo seu segmento, na terra indígena. Ambas são as primeiras de suas famílias, a atingirem um grau de formação acadêmico, em nível mestrado.

Suzana é natural da Terra Indígena Rio das Cobras, filha dos primeiros professores indígenas da Terra Indígena Rio das Cobras que vieram do Rio Grande do Sul para ensinar a Língua Portuguesa. Conforme sua pesquisa a escola ao longo dos anos foi modificando a cultura alimentar, devido à merenda escolar servida ao alunado atendido. A merenda escolar é padronizada, onde os produtos alimentícios são os mesmos de uma escola não-indígena.

De acordo com Suzana outro fator agravante, é o grande número de professores não-indígenas atuantes nas escolas. “Por ser uma escola indígena, esta deveria ter em sua maioria professores indígenas. Isto se dá pelo número pequeno de professores em nível superior. E assim a cultura não-indígena prevalece, mesmo que não seja um propósito”, constata.

Nas  considerações finais de sua pesquisa ela frisa que estão sendo organizados projetos para valorização e revitalização da Cultura, onde a cultura alimentar esta contemplada. Ela defende que a escola crie mecanismos para resgatar pelo menos parte da cultura alimentar indígena, proporcionando que os estudantes, mais de 1.800 tenham no cardápio escolar alimentos da cultura indígena Kaingang.

Ouve diversas ponderações da banca, em relação à fundamentação teórica da dissertação de Suzana, especialmente no que se refere à educação. O que foi acatado por ela e sua orientadora, e será incrementado, até a publicação oficial. No entanto, as considerações em geral, foram de que o trabalho traz um olhar com riqueza e profundidade, principalmente pelo pertencimento e propriedade da pesquisadora em abordar o tema, tomando como base a realidade da terra indígena que pertence.

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