Os escravos modernos: quem são e onde vivem?

Diego Mendonça.Diego Mendonça Domingues é Engenheiro civil, formado pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduado em administração tributária e integrante do levante popular da juventude. Todas as quintas-feiras, publica sua coluna no Portal Comcafé.

Certa vez numa discussão sobre a questão das condições de trabalho dos médicos cubanos no Brasil levantou-se a possibilidade de eles estarem em condições análogas à escravidão. Certamente quem considerou essa possibilidade deixou de considerar as próprias condições de trabalho desses médicos – os quais faziam e fazem seu trabalho comprometidos com o avanço global da saúde, ensinando todo o mundo uma experiência educacional cubana que fatidicamente deu certo – mas, e principalmente, a verdadeira escravidão atual.

Os motivos desse erro podem ser vários, como a resistência em receber os médicos estrangeiros em nossas terras que necessitam de mais médicos, ou até mesmo a resistência em reconhecer um modelo de governo – cubano – que deu aula de educação nos países mais avançados do capitalismo.

De acordo com relatório da Fundação Walk Free (Índice de Escravidão Global), mais de 45 milhões de pessoas estão sujeitas à escravidão. É praticamente o dobro da população do Sul do Brasil, por exemplo, espalhada especialmente em 5 países: Índia, China, Paquistão, Bangladesh e Uzbesquistão.

Apesar desses cinco concentrarem maior número de escravos, é na Coréia do Norte, Camboja, além de Índia e Uzbesquistão que a proporção da população de escravos é maior.

Relacionada com as últimas notícias de estupro ocorridas na cidade sede das Olimpíadas também existe exploração sexual dentro da escravidão moderna. Relacionada com condições de trabalho brasileiras do campo e da cidade também existe escravidão moderna na indústria, agricultura, construção civil e trabalho doméstico.

A escravidão moderna é um crime oculto, sendo que os principais fatores que o determinam são a falta de oportunidades e a pobreza. De acordo com a Fundação as desigualdades sociais e estruturais mais profundas são a xenofobia, o patriarcado, as classes e castas sociais, e as normas de gênero discriminatórias.

No Brasil, existem mais de 160 mil escravos, principalmente nas áreas rurais e na Amazônia, em sua maioria homens entre 15 e 39 anos, migrantes dentro da nossa própria nação em busca de melhores condições de vida.

A Gazeta do Povo fez interessante reportagem com o título de “Escravos do Lixo”, em 15/08/2009, sobre os catadores de lixo em Curitiba. E a realidade não mudou. Trabalham para seus patrões dias e noites a fio, ganhando apenas o básico para sobreviverem e não pararem de trabalhar. Esse básico não é dinheiro, mas um quarto de 6 metros quadrados, pão e nem circo.

A realidade não muda. Continuamos escravos do lixo.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.