A ERA DO PARABÉNS INDUSTRIALIZADO

Ana Cherpinski é administradora. Nasceu em Virmond, viveu em Laranjeiras do Sul, radicou-se em São Paulo a 36 anos, mãe de duas filhas, amante da natureza e de esportes. Adora viajar, ler e é fiel apreciadora de vinhos.

No cotidiano do mundo moderno , onde se leva ao pé da letra o conhecido jargão que “tempo é dinheiro”, vejo com tristeza e preocupação este termo indo de encontro com as festas de aniversário infantis.
Sem tempo ou vontade de preparar a festa dos filhos, os pais recorrem ao expansivo mercado de bufês, onde a única coisa que nos remete ao aniversariante e a infância é o convite.
Ao chegar, o convidado deposita o presente naquele baú destinado á este fim. Aquela delícia de entregar o presente em mãos e ver a reação da criança já não existe mais , parece até que está fora de moda.

A festa segue pelas 5:00 horas adentro. Muitas vezes com horários ,músicas e brincadeiras inadequadas. Os bufês por sua vez, tentam se modernizar e ganham novos conceitos para acompanhar as tendências das classes mais favorecidas, onde alguns inovaram com comidinhas mais light, brinquedos mais educativos e decoração ligada à natureza. Contudo, a essência do consumismo não mudou e segue firme nesse rentável modelo de negócio.

Animadores de festas, personagens do último filme da Disney , brinquedos recreativos e inúmeros recursos são usados para animar a criançada.
Até algumas décadas atrás, as crianças se divertiam sozinhas, bastava reunir um grupinho, ter um espaço para correr e a farra estava garantida.
Será que não estamos subestimando nossos pequenos, achando que não são capazes de brincar em entre si?
Hoje em dia as festas se tornaram meramente um espetáculo caro, onde muitas vezes os pais estão mais preocupados em demonstrar que podem pagar por todo aquele luxo, que propriamente festejar mais um ano de vida de seu filho.
Ouvimos falar bastante que o mundo está cada vez mais competitivo, onde é preciso preencher alguns requisitos sociais, caso contrário somos vistos como fracassados ou perdedores. Infelizmente esse veneno do status já chegou até as comemorações infantis. Muitas vezes os pais fazem loucuras com gastos, até parcelando ou pegando empréstimo para a tal festa.

De onde vem essa necessidade de impressionar cada ano mais?
A questão é saber se isso é significativo para elas ,as crianças.
O que há de verdade nisso tudo? Oque resta em termos de sentimentos? o que Vamos ensinar às nossas crianças com todo esse movimento folclórico e consumista?
Seria reconfortante se tentássemos resgatar a simplicidade das festas intimistas e afetivas, onde o que contava mesmo era alegria da criança recebendo o seu presente e o abrindo ali mesmo, sem o protocolo do “agora não é hora”, se deliciar com as guloseimas feitas pela mãe, tias ,primas etc …
repensarmos tudo isso, nos remete a um “velho” mundo novo, de escolhas verdadeiras , de festas com o real significado, onde os adereços, luzes e personagens, possam ser substituídos por sorrisos sinceros, pela alegria da criança por estar com quem ama e é amada.
Isso sim, não há dinheiro que compre.

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