Audiência pública em defesa das Universidades e Institutos Federais de Educação escancara desmonte pela atual política de educação

Em audiência pública proposta pelo deputado estadual Professor Lemos, legisladores, representantes de instituições públicas de ensino, poder público municipal e estudantes, expuseram o desmonte para o qual caminha a educação brasileira e a necessidade de resistência para evitar o prejuízo que atingirá, diretamente os mais pobres.

Cortes de mai de 50 % dos recursos para manutenção e congelamento dos salários do servidores, moveu representantes de entidades de toda a região Oeste do Paraná, a participara de audiência pública realizada em Cascavel, na manhã desta sexta-feira (08).

Promovida e presidida pelo deputados estadual Professor Lemos (PT), a mobilização contou com representantes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – Laranjeiras), da Universidade Federal Latino-Americana (UNILA), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e do Instituto Federal de Educação de Cascavel, na presença de deputados federais, estaduais, poder público municipal, e ainda com representantes do Ensino superior e secundaristas.

O deputado federal Zeca Dirceu (PT- PR), fez um panorama dos avanços implementados na Educação, desde as políticas públicas de valorização do funcionalismo até a construção,  da UFFS e Unila no Paraná, além de institutos federais de educação por todo o Brasil, sendo 25 unidades só no Paraná.

Já o deputado Pedro Uczai (PT-SC), abordou o desmonte que vem se instalando nas conquista galgadas na educação, que passam pela desmoralização das instituições, cujo objetivo, segundo ele, é justificar uma intervenção abusiva do Banco Mundial que sugere tecnologia para formar mão de obra em detrimento do desenvolvimento intelectual que sempre aconteceu nas universidades públicas. O deputado exemplificou o uso da desmoralização para o desmonte, com o caso de abuso de poder que culminou com o suicídio do reitor da UFSC, e agora a condução coercitiva do reitor e vice-reitora da UFMG, sem que estes sequer tivessem conhecimento da investigação que estava sendo feita. “Isto nada mais é do que um ataque direto aos direitos dos trabalhadores estudarem. A procura pelo Enem é a prova de que o povo despertou e quer estudar. Temos uma população de 206 milhões e tivemos perto de 8 milhões de jovens fazendo o Enem, enquanto que a China que tem um programa semelhante, com um bilhão de habitantes, teve 9 milhões de participantes”, ressaltou Pedro Uczai.

A vice-reitora da Unila, Cecilia Maria de Morais Machado Angileli expôs em poucas palavras o seu exemplo pessoal sobre o que está acontecendo com a educação pública. “Os avanços que conquistamos possibilitaram que uma pessoa como eu, negra, filha de empregada domestica e que pegava 12 conduções para poder estudar, conseguisse fazer até um pós-doutorado e estar hoje a frente da vice-reitoria da Unila. Isto não foi um sonho. Isto foi uma realidade. Mas eles não querem mais isto. Eles querem que pessoas com a minha origem, sejam mão de obra e por isso, começam cortando mais da metade dos recursos das nossas isntituições”, disse Cecília.

O reitor da UFFS, Jaime Giolo reforçou a exposição do deputado Uczai, acrescentando que o atual processo de desmonte é mais deletério que o ocorrido nos aos 70, quando se aniquilou o desenvolvimento científico. “O desenvolvimento intelectual acontece, de fato, nas universidades públicas”, disse Giolo, acrescentado que os dia de amanhã são dos jovens e portanto, é preciso defenderem a educação pública.

Nas palavras do  diretor do Instituto Federal de Educação de Cascavel, Luiz Carlos Eckstein, com a terceirização da educação, os alunos passam a ser tratados de forma mercadológica, sendo jogados para valerem dinheiro enquanto estudantes, o que será possível só para alguns. Ele reclamou ainda da falta de apoio dos cinco deputados federais de Cascavel ao Instituto Federal de Educação. “Dos cinco, apenas um dá um pouquinho de atenção ao nosso instituto”, lamentou Eckstein.

A oferta de 50 cursos de graduação, gratuitos e laicos foram destacados pela pró-reitora de Graduação da Unioeste, Lilian Faria Porto Borges. “Nosso compromisso como instituição pública é fazer a intervenção qualificada na sociedade, nos cinco campis, onde atendemos 12 mil alunos. é isto que está em jogo”, completa Lilian.

Tiveram voz ainda, docentes presentes e alunos do ensino superior e médio, expondo que entendem o ataque direto que vem sendo feito a eles. “São inúmeras as investidas contra as melhorias conquistadas. O novo plano nacional de Educação é uma afronta, pois eu duvido que numa escola do Rio do Tigre em Laranjeiras do Sul, onde ainda existem turmas multiseriadas, seja possível dar opção de escolha de disciplinas a esses alunos. E não é só essa escola que está aquém das condições mínimas. Ou seja, os alunos das escolas mais carentes serão segregados e a disparidade é evidente”, ressaltou Thiago prestes, presidente do DCE da UFFS – Laranjeiras, complementado pela estudante Carolina, representando a Associação Cascavelense dos Estudantes secundaristas. “Sou negra, pobre e periférica. Ao contrário de muitos playboys, não tenho 7 mil por mês para pagar uma faculdade de medicina. Os espaços públicos são de todos e também nossos. É por isso que a gente luta por uma universidade pública que atenda também os negros, os LGBTS, a periferia toda precisa estar ocupando também esses espaços”, finaliza.

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