“Comer pelas bordas” é a característica que Berto Silva, 47 anos, e atualmente filiado ao PSC (partido pelo qual é suplente de deputado estadual), diz ter incorporado dos mineiros, sua origem por parte de pai.

 

Berto Silva, ex-prefeito de Laranjeiras do Sul.
Berto Silva, ex-prefeito de Laranjeiras do Sul.

A vontade de ser prefeito, Jonatas Felisberto da Silva (Berto Silva) trazia consigo quando chegou em Laranjeiras do Sul, em 1998 para trabalhar na Rádio Campo Aberto – mas de Ibema, cidade De sua esposa, onde moravam.

Após uma experiência aqui, voltou para Cascavel, onde também trabalhou como locutor de rádio. Foi nesse período que em conversa com um marqueteiro político, que encontrou numa sauna, ele comentou: “Eu sou radialista e quero ser prefeito de Ibema, como devo agir de acordo com o marketing político?” Conta que após ouvir que deveria olhar nos olhos das pessoas, passar segurança e dizer que precisava delas, saiu dali determinado e começou a trabalhar em prol do objetivo.

Berto conta que trouxe seu projeto de ser prefeito para Laranjeiras, depois de, ainda em Cascavel, receber um grupo de pessoas, dizendo que o povo havia gostado de seu estilo na cidade, e fizeram uma proposta atrativa para que voltasse, mas para a Rádio Educadora. Ele aceitou a proposta, voltou em 1999, e não deu trégua em seu sonho político. Perdeu a primeira eleição em 2000, e tornou-se prefeito, já em 2004, por duas gestões subsequentes (2004 a 2012).

Então na segunda vez que veio para Laranjeiras, seu objetivo estava claro?

Passou a ficar claro em 99, quando por motivo de trabalho, quando vi já estava morando aqui com a família. Então passei a me sentir desta cidade e naturalmente me projetei aqui.

Mas você havia identificado essa possibilidade, na primeira estada aqui? O que de fato, o fez prefeito de Laranjeiras?

Sim. Havia identificado um vazio de ideias e de ascensão do município. Mas sinceramente, mesmo tendo perdido a primeira eleição – que credito à troca do sistema de votação, de manual para eletrônico – não esperava que fosse tão rápido. O que de fato, determinou isto, foi justamente esse vácuo de ideias que existia. Uma competição marcada, que não agregava para o município. O povo estava desesperançado. Votou em mim, pensando assim: “vamos ver se esse louco faz alguma coisa, porque pior do que está não fica”. E eu fiz uma excelente administração. As pessoas me dizem isto na rua. Fiz uma interrupção de perdas históricas no município.

Você questiona o sistema eleitoral eletrônico?

Não. De jeito nenhum. O que quero dizer é que muita gente não soube votar por ser uma novidade naquela eleição. Perdi por cerca de 200 votos, numa urna onde eu tinha total aceitação, tanto que continuei tendo nas próximas eleições. O que questiono até hoje, é o fato dessa urna ter apresentado problema e ter sido descartada, não ter sido computada na eleição. Isto não foi certo. Mas eu estava com apenas 30 anos. Acho que ainda não era a hora. Tudo bem!

O rádio foi determinante na sua carreira política?

Sim e não. O rádio, quando se tem o que expor é um excelente instrumento, sem dúvidas. Mas não é ele que faz o político. Tanto que nenhum radialista tinha sido prefeito dessa cidade, antes. O rádio pode ser um canal que populariza. Mas quem se atém apenas aos microfones, se engana. É preciso sair do estúdio. Do contrário, o rádio também mata políticos, e temos exemplos por aqui.

E quais feitos mais importantes destacaria em suas gestões?

De cara, quero defender minha parte, que foi determinante na vinda da UFFS para cá. Já ouvi comentários de que eu não queria. Não é verdade. Eu lutei concretamente por isso, assinei o cheque da compra do terreno. É claro que os movimentos sociais foram a base, não estou querendo ser o pai da UFFS. Mas eu tive a honra de liderar politicamente esse processo. Lutamos juntos e tomamos de Guarapuava, para onde já estava liberado. O prefeito de lá deu uma titubeada, havia comprado o terreno, convencemos o Governo a trazer para cá. Se não somássemos esforços, teríamos perdido. Faço questão de destacar a UFFS porque reconheço a importância dessa instituição que gera uma renda permanente e extraordinária para o município. Instituições públicas não quebram. Mas nessa área da educação e transformação social, fiz muito mais. Temos o Cense aqui, outra instituição que gera bons empregos. Os professores ganham 100% a mais, devido à periculosidade. Outra instituição importante, que atrai muita gente para cá, é a Universidade Aberta do Brasil. A construção da sede da Unicentro. A FAE que foi inaugurada depois.

O Cense que agora está com uma direção de sua indicação, não é?

Sim. Eu defendo que os cargos que são de indicação, fiquem com gente daqui. Chega de importar, embora eu não use esses cargos para fazer política. Já antecipo também, que no caso no Núcleo de Educação, eu não queria que fosse a minha esposa. Sabia que ela era capaz de novos desafios, mas por ela não ser da área da educação, fui contra no momento da decisão, quando o deputado Rossoni comentou comigo que faria o convite a ela. Ela aceitou, e vejo que eles acertaram.

Outras ações da sua gestão, que gostaria de destacar?

O Centro da Juventude, que hoje está subutilizado. A Escola Técnica, que era B e saiu C. As duas supercreches. O Centro de Eventos. Antes se ficava discutindo como fazer uma feira, então criamos o Agroshow. O recurso com o deputado Rosinha do PT, para transformar o antigo correio na atual Casa da Cultura. A primeira patrulha agrícola, recurso que conseguimos com o deputado Assis do Couto, também do PT. A criação da Secretaria de Comunicação. A UTI com 10 leitos, que não imaginei que seria fechada depois, por falta de investimento municipal. Foram muitas outras coisas. A população sabe bem.

E como foram as relações políticas?

Nunca fiz fronteiras políticas. Os recursos vieram das mais diversas fontes sem olhar de qual partido eram as representações. Fiz uma gestão varrendo para dentro, não sou de trazer só quem me apoiou. O que cuidei muito foi para não tomar dinheiro a juro de agiota. Tudo o que fiz foi com recurso a fundo perdido, sem ter de devolver nada. Hoje, estão tomando dinheiro a 9% ao ano, por 24 anos. Endividar o município é a pior coisa a se fazer. Porque a arrecadação, ao pagar o que é devido fica com uma margem muito pequena. Não cabem dívidas. O que sobra tem que ser destinado para algumas manutenções. Veja: São 40% para a folha de pagamento, 25% para a educação, 15% para a saúde e 7% para a Câmara, que antes nunca se levou a sério o repasse, e que eu acho justo. Restam 13%. Não dá para assumir dívidas que deixem o município zerado, porque também surgem emergências.

Algo que lamenta não ter realizado?

Não existe uma coisa, são muitas coisas. Mas escolho a desistência da multinacional Lapesco, que justificou o desinteresse pela alta do dólar que de fato ocorreu naquela época.

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