Casal de acadêmicos acusa UFFS – Laranjeiras do Sul e Conselho Tutelar de discriminação

Além deles, outros pais e mães levam seus filhos durante as aulas, sem que os demais tenham sido notificados de proibição.

Turma, na qual estava em aula a professora Eloá Gehlen, visitada por Tatiana, onde recebeu apoio de todos.


O caso de um casal de alunos que leva a filha de nove meses para o campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) de Laranjeiras do Sul, gera polêmica e está sendo encaminhado ao Ministério Público nesta quinta-feira (16), pelo Conselho Tutelar.
O casal, Tatiana Pinto Leal e Rodrigo Soares conta que foi procurado pelo referido Conselho, que diz ter recebido denúncias anônimas relatando risco à filha deles, pelo fato da mesma frequentar o Campus, enquanto estudam, sendo que ambos se matricularam em horários que possam revezar o cuidado com a criança, sem prejuízo do aprendizado.
Tatiana e Rodrigo vieram do Rio de Janeiro. Eles são bolsistas e passam o dia na UFFS, indo e voltando de ônibus, o que de acordo com eles dificultaria o acesso para deixar e buscar a pequena Nathália que é amamentada pela mãe, em uma creche, como sugere o Conselho Tutelar.

Rosenilda, com seu filho que também frequenta a UFFS, em apoio à Tatiana.

Além disso, eles dizem se sentir perseguidos e discriminados, uma vez que estão proibindo apenas que sua filha os acompanhe, dentre diversas outras crianças que frequentam a universidade junto dos pais estudantes e até mesmo alguns professores que circulam pela instituição com suas crianças. “Não podemos ser obrigados a deixa-la em creche. Nos matriculamos em horários diferenciado um do outro para nos dar suporte no cuidado e está funcionando bem assim, sem prejuízo de aprendizagem para nós, nem para os colegas. Cuidamos muito com isso”, disse Tatiana.
Como está transcorrendo legalmente o caso
Após conversar com o Conselho que sugere a permanência da criança em creche, como única opção ao casal, os pais procuraram a diretora interina da UFFS, Kátia Seganfredo, que de acordo com ela, expôs a eles que um relatório com a denúncia chegou em suas mãos, mas que não havia encaminhado ainda, quando também foi procurada pelo Conselho Tutelar, que a informou que a denúncia havia também sido feita diretamente a eles.

Tatiana, mostra uma sala com colchonetes, dentro da UFFS (destinada para repouso), onde ela ou o esposo colocam a bebê para dormir nos horários do sono.

A diretora disse que mantém a mesma posição que manifestou ao casal, de que não pode proibi-los de frequentar a instituição acompanhados da criança, mas que por outro lado é grande a preocupação com os riscos aos quis está exposta, não sendo ali, segundo ela, um local adequado para crianças. “A filha deles frequenta a instituição por tempo maior que as outras crianças, pois esta mãe faz o curso presencial, enquanto as outras fazem em regime de alternância, levando sim os filhos consigo, mas no alojamento, onde tem uma espécie de creche, que chamamos de Ciranda, com pessoas que cuidam delas”, disse Kátia.
A diretora disse ainda que vê o caso com preocupação, pois qualquer coisa que acontecer com a menina pode ser atribuída à responsabilidade da universidade e que a creche poderia ser a solução. “Outra alternativa seria ela pedir à filha para trazer a criança para amamentar, pois ela tem uma filha mais velha de 16 anos”, sugere a diretora.
Mesmo estando proibido pelo Conselho Tutelar de ir à universidade com a criança, segundo eles com alerta de perda da guarda, na tarde desta quarta-feira (15), o casal voltou à universidade com a menina para esta reportagem. Eles mostraram turmas que são frequentadas por outras crianças que acompanham seus pais, a exemplo da turma de Rosenilda da Conceição dos Santos, que leva seu filho de 1 ano e dois meses e disse fazer questão de apoiar Tatiana. No momento da visita, a turma estava em aula com a Professora Eloá Gehlen, que se colocou à disposição da mãe para apoiá-la, uma vez que conforme observou a professora, muitas precisam levar os filhos junto e assim tem sido. “Convivemos com as crianças, elas fazem parte da rotina de muitos dos nosso alunos que por alguma razão, precisam trazê-las”, disse Eloá.

Colegas de turma de Tatiana (Daniele Henrique, Susamara Souza e Kearlly C. Kegler), que dizem ter certeza que a reclamação não partiu de ninguém da turma.

Tanto os alunos da turma de Rosenilda, como de Tatiana (difícil nominar todos porque são muitos), foram unânimes em dizer que nunca se incomodaram com as presenças dessas nem de outras crianças. “Tatiana é uma excelente mãe, acompanhamos a gravidez dela e a Bebê faz parte na nossa alegria aqui na turma. Nada que justifique isso”, disse uma dos colegas de turma, Danielle Henrique Correia de Oliveira.
A presidente do Conselho Tutelar , Janice Couto disse que diante da denúncia, a obrigação do Conselho é investigar e entender o que está acontecendo. Mas que em momento algum foi falado em perda da guarda, pois há todo um processo a ser encaminhado e isto seria a última coisa. “Hoje a tarde, vamos conversar com o promotor do Ministério Público, Dr. Rafael, pedindo a ele, orientação sobre esse caso”, adiantou Janice.
Apoio jurídico voluntário
Sem condições de custear uma defesa jurídica, e não querendo perder aulas, o casal procurou um profissional para representa-los diante do impasse e constituiu o advogado Saviano Cericato como defensor. O advogado observa que fará a defesa voluntariamente por entender que é um caso típico de afronta aos direito humanos. “Já encaminhei notificação às duas entidades, Conselho Tutelar e UFFS, para que esclareçam e comprovem as alegações de um suposto relatório. Bem como para que se abstenham de qualquer ato que venha a prejudicar a família”, coclui Cericato.

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