A formação da rede de proteção à mulher em todos os ciclos da vida como principal passo de atuação do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Laranjeiras do Sul .

Palestra à Rede de Laranjeiras do Sul, com a Tenente Luci Belão.
Palestra à Rede de Laranjeiras do Sul, com a Tenente Luci Belão.

Um importante encontro de formação por meio de palestra de capacitação e sensibilização da Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, proferida especialista no tema, Tenente Luci Belão, foi realizado na última sexta-feira (29), em Laranjeiras do Sul.

O encontro contou com a participação de agentes da saúde, psicólogos de diversas entidades e agentes das polícias Militar e Civil. Todos foram orientados com relação aos tipos de notificação dos casos de violência, o que não pode ser desvirtuados, sob pena de mascarar os números reais da Violência contra a Mulher, e sobretudo quanto aos sinais de alerta, para que os casos que sinalizem para uma violência doméstica não aparente, sejam investigados, cessados e com aplicação de pena ao causante.

A palestrante Luci Belão, orientou o grupo sobre as diversas técnicas de identificação da violência, sendo que o passo principal, segundo ela é o conhecimento pleno das leis que amparam, protegem e incriminam pessoas envolvidas em qualquer tipo de violência, que vão desde a psicológica (intimidação, medo, pressão) até a material (danos ao patrimônio da vítima) e física (agressão, estupro e feminicídio). O Paraná está na 884ª posição, no número de feminicídios. “Isto sem contabilizar municípios como Laranjeiras do Sul, que ainda não notificam sistematicamente os casos de violência contra a mulher, o que certamente nos colocaria num ranking muito mais preocupante”, avalia a palestrante.

A palestra com 8 horas de duração, proporcionou o entendimento de diversos aspectos relativos à diversidade sócio educacional, cultural e econômica, com ênfase para os novos modelos de constituição familiar, no sentido de promover a compreensão dos contextos onde a violência ocorre e de reforçar aos agentes o não uso do julgamento, o que chamou de “liga da justiça” e “capa de preconceitos”.

DSC02671“Um aspecto que sempre merece uma consideração a parte é o motivo que leva ao abuso de crianças, arsenal em que as meninas sofrem o maior índice de abusos, sobretudo pela conivência que o abusador encontra na sociedade machista”, ressaltou a palestrante. Ela observa que o entendimento de posse sobre as crianças faz com que “sejamos” mais violentos  com os próprios filhos, o que em proporções de desvio de conduta evoluem para agressão e abuso sexual. “Em geral, batemos nos nossos filhos porque eles são nossos. Pois com os filhos dos outros nos seguramos por saber que seremos responsabilizados de o fizermos. Esse sentimento de propriedade é muito danoso, quando não equilibrado”, acrescenta.

Luci dá o exemplo de um comentário muito comum, utilizado para se referir a não aprovação do comportamento do filho do outro, única coisa que impede a intervenção ao modo de cada um, que muitas vezes é violenta. “Ahh se fosse meu filho…”. “O pior é que o espírito de quem abusa é exatamente esse. o sentimento da posse, de que faço o que eu quiser com o que/quem é meu”, reforça.

Dentre os pontos estratégicos para viabilizar um sistema organizados de combate a violência contra a mulher, que deve ser preferencialmente preventivo, evitando que essa violência aconteça, Luci enalteceu a importância de setores como a Saúde, Segurança e Educação darem as mão e que nenhum caso escape a descrição adequada dos tipos de violência. “Não dá para identificarmos violência contra a mulher apenas como lesão corporal. A Lei Maria da Penha foi criada exatamente para que possamos dar o devido tratamento aos casos de violência. E para conseguirmos trazer recursos para atendimentos e a Delegacia da Mulher, precisamos dos números exatos que fundamentem esses investimentos”, finalizou.

 

 

 

 

 

 

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