“Muitos pequenos agricultores convidados adiantaram que se o tempo estivesse bom hoje, não poderiam vir, pois não podem deixar de aproveitar um dia de sol para plantar as sementes”, disse o diretor, Ivo Amorim, ilustrando a realidade da Agricultura Familiar.

A Cooperativismo de Crédito Rural Solidário (Cresol), que em 1995 surgiu da união de pequenos agricultores familiares de cinco municípios, pela necessidade de acesso ao credito, que até então lhes era negado, comemorou duas décadas de promissora existência e ascensão pelo Brasil, neste sábado (24), em Laranjeiras do Sul.

De acordo com seus diretores, a Cresol tem presença forte hoje, nos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os Estados do Nordeste são a próxima meta de expansão.
Para marcar a data, além do almoço festivo na Associação do Assentamento 8 de Junho, a Cresol apresentou aos 2.500 associados, a nova logomarca e jingle institucionais e vídeo com depoimentos dos pioneiros, destacando os desafios, avanços e projeções futuras.

O presidente da Cresol, João Roque, destacou que as dificuldades enfrentadas foram inúmeras para quem ousou começar um sistema de credito sem ter sequer canetas. “Nossa força foi o espírito de cooperação que permitiu contar com o esforço dos primeiros 25 associados, doando 10 sacas de milho para começar um fundo. Até estarmos comemorando hoje, a confirmação de que o cooperativismo engrandece os pequenos produtores, pois nossos resultados falam por si” disse Roque.

Conforme lembra o diretor secretário, Antônio Maria Moisés, foi preciso buscar meio de superar os principais desafios como:  obter conhecimento sobre o sistema financeiro, uma vez que iniciou e segue sendo administrada por agricultores sem formação superior, e precisa não só operacionalizar como ter visão sobre as normas do Banco Central.

“O convencimento, no sentido de fazer outros pequenos produtores acreditarem num sistema que surgia a partir de pequenos agricultores sem recursos, de Dois Vizinhos, Laranjeiras do Sul, Pinhão, Capanema e Marmeleiro, quando comparado com grandes sistemas financeiros que hoje disputam conosco essa oferta de crédito, foi outro ponto que exigiu persistência para ser transposto”, ressalta o diretor da Unidade de Laranjeiras do Sul, Ivo Amorim.

“Só posso dizer que tenho muito orgulho em fazer parte história e de uma luta vitoriosa. Pois hoje resta acharmos graça dos conselhos que recebíamos para desistir do que chamavam de loucura, porque pequenos agricultores não poderiam pagar empréstimos”, diz um dos sócios pioneiros, José Antônio Brugnara, que também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Laranjeiras do Sul.

Outro sócio fundador, Paulo João de Meira, de Rio Bonito do Iguaçu, reforça que o mais importante foi desmistificar a descrença que havia em relação ao pequeno produtor. “A gente provou para os governos e para os grandes bancos, que hoje não só abriram as portas como nos disputam como clientes, que os agricultores familiares quando são assistidos têm potencial”, ressalta o associado.

Para Jânio de Souza, que foi o primeiro funcionário da Cresol e que segue firme na função de gestor financeiro, está na hora da cooperativa incorporar a industrialização de produtos como novo desafio. “Penso que a atividade financeira já está consolidada. Que é hora de entrarmos num segmento interessante no sentido de valorizar ainda mais aquilo que produzimos”, opina.

Os 20 anos da Cresol foram enaltecidos também por instituições parceiras de peso, como Banco do Brasil, representado pelo gerente geral de Laranjeiras do Sul, Carlos Henrique Calixto, Universidade Federal da Fronteira Sul, representada pela diretora Janete Stoffel e Câmara Municipal de Laranjeiras do Sul, representada pelo vereador Laureci Leal (PT), que cumprimentou a entidade, também em nome dos movimentos sociais que representa.