Junção da Emater, Iapar e CPRA em um único órgão chamado IDR-Paraná é avaliada por governo e oposição

A junção de diversos órgãos de assistência à agricultura é anunciado como bom pelo governo, mas contestado pela oposição que é reforçada por indícios de enxugamento dos quadros, sinalizado pelo governo.

Após 65 anos de história, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural – Emater, assim como outros dois importantes órgãos, o Instituto Agronômico do Paraná – Iapar e Centro Paranaense de Agroecologia – CPRA, se transformam num único órgão, agora chamado de IDR – Instituto de Desenvolvimento Ruaral do Paraná.

A mudança ocorreu em 2020, e a reportagem de Comcafé, traz uma entrevista com o coordenador regional de projetos do agora IDR-PR de Laranjeiras do Sul, Joelcio S. Vígolo, sobre a mudança, abordando possíveis transtornos para o setor, em especial para os Agricultores familiares.
O deputado Professor Lemos (PT), um dos parlamentares de oposição ao governo, que votou contra a medida, também foi ouvido.
Comcafé: Há reclamações de que a centralização no IDR transformando vários departamentos em um só, tira a autonomia que dava agilidade no atendimento às várias demandas destes órgãos. O argumento do governo é a economia que a fusão vai gerar. Mas, e para o contribuinte, será bom?
Joelcio: Ao criar uma instituição única, o objetivo foi buscar não apenas economia, mas também tornar mais ágil e eficiente o serviço da pesquisa, da assistência técnica e extensão rural, do fomento e da agroecologia. O objetivo não foi centralizar as demandas, mas sim desenvolver o trabalho em conjunto, apresentar melhores estratégias de desenvolvimento e responder de forma mais assertiva aos anseios dos agricultores. Quem garante que tudo isso vai funcionar  é a Diretoria de Integração Institucional, especialmente criada junto com o IDR-Paraná para fazer essa comunicação entre pesquisa e extensão rural. Por outro lado, se pensou que uma maior participação da sociedade seria fundamental neste processo. Para isso, também foram criados os conselhos consultivos mesorregionais, que já foram instituídos com excelentes perspectivas para respaldo da sociedade aos serviços prestados pelo IDR-Paraná. Os conselhos consultivos são os porta-vozes da comunidade para garantir que a entrega de resultados seja ainda mais positiva.
Comcafé: A EMATER sempre foi protagonista no desenvolvimento da agricultura
familiar. Qual a garantia de que com o novo formato, a agricultura
familiar não ficará prejudicada?
Comcafé: Como ficará a ATER ( Assistência Técnica e Extensão Rural ) que a
EMATER sempre fez?
Joelcio: Já respondo as duas perguntas: O IDR-Paraná mantém os mesmos objetivos da extensão rural oficial descritos na Lei Estadual de ATER (Lei Nº 17.447/2012), sobretudo, o atendimento prioritário à agricultura familiar em programas de geração de renda e inclusão social. Ao criar o novo instituto, uma das preocupações foi realmente essa, preservar a essência de cada uma das quatro autarquias (Iapar, Emater, Codapar e CPRA) que deram origem ao IDR-Paraná, ou seja, que continuem cumprindo as suas funções, especialmente a assistência técnica e extensão rural, a pesquisa o fomento e a agroecologia. Desta forma a ATER prestada pelo novo Instituto preserva seus objetivos de inclusão produtiva e social das famílias, o aumento da produção e renda dos pequenos agricultores e a dinamização das economias locais.

Comcafé: O que vai melhorar no CPRA – Centro Paranaense de Referência em agroecologia…vai abrir concurso para serviços especializados nesse departamento?
Joelcio: Após  a fusão das entidades, o objetivo é também reestruturar os quadros contratando novos pesquisadores e técnicos em áreas prioritárias, dentre elas a agroecologia. Inclusive, um dos propósitos do IDR-Paraná é somar esforços junto ao Sistema Estadual de Agricultura para garantir o cumprimento da meta de ter a alimentação escolar no Paraná totalmente orgânica até 2030.
Comcafé: O que é importante destacar para os produtores, no sentido de facilitar o acesso deles aos serviços que necessitam?
Joelcio:  O IDR-Paraná está presente em praticamente todos os municípios do Paraná e desenvolve, com foco na agricultura familiar, ações de pesquisa, extensão rural e agroecologia em programas voltados às principais demandas dos agricultores. A Pesquisa no IDR-Paraná é responsável por gerar conhecimento científico, desenvolver e transferir tecnologias demandadas pela sociedade. A Extensão Rural está presente junto aos agricultores para orientar no uso dessas tecnologias em todos os processos de produção, transformação de produtos, organização rural e comercialização. A Agroecologia, interagindo com estes, orienta para a produção de alimentos seguros, mais saudáveis para a população. O conjunto deste trabalho resulta em ganhos para a cidade e o campo, sobretudo para os agricultores e suas entidades, porque podem ter acesso a mais serviços em uma única instituição, especialmente dedicada ao desenvolvimento rural sustentável.
No entanto, para o deputado estadual Professor Lemos (PT), representando, os parlamentares de oposição à mudança, a fusão vai dificultar para os agricultores, em especial, os da Agricultura Familiar. “O IDR ficou muito grande, centralizando vários institutos em um só comando, retirando a autonomia que dava agilidade no atendimento as várias demandas destes órgãos. A EMATER sempre foi protagonista no desenvolvimento da agricultura familiar. Com o novo formato certamente a agricultura familiar ficará prejudicada”, disse Lemos, destacando ainda que o  CPRA – Centro de Referência em Agroecologia, também é atingido, e que a ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural, que a EMATER sempre fez , será gradativamente terceirizada.

Associado a isto, está a previsão de demissão voluntária aos servidores, lançado pela autarquia, que ainda não abriu edital de concurso para novas contratações. O que pode levar a uma menor capacidade de atendimento aos agricultores, caso a estratégia não seja sincronizada.

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