Lauro Ruths: Um mandato no final da ditadura militar, outro no início da democracia

Ele diz ter orgulho pela transformação de Laranjeiras em polo bancário, hospitalar, de serviços tributários (INSS e  Receitas Federal e Estadual) e universitário, com destaque para a vinda da UFFS, da qual diz ter especial orgulho.

Ex-prefeito Lauro Ruths, lembrando do tempo em que visitava o povo da roça no interior, brinca e enrola um cigarro de palha.
Ex-prefeito Lauro Ruths, lembrando do tempo em que visitava o povo da roça no interior, brinca e enrola um cigarro de palha.

Ao 73 anos, aposentado e na atividade agropecuária, o ex-prefeito de Laranjeiras do Sul por duas gestões (1989 – 1992 e 1997 a 2000), Lauro Lourenço Ruths que é laranjeirense, nascido na Invernada Grande, fala sobre suas passagens pelo executivo local, seu olhar político e o momento atual do município.

Filho de militar, desde os 13 anos foi incentivado pelo pai a aprender sobre o processo de curtimento e industrialização de couro, ramo que em parceria com o irmão e melhor amigo Frido Ruths, manteve por 60 anos.

Em 1976, com 34 anos, foi eleito vereador pelo MDB, com mandato de seis anos, conforme legislação da época, concorrendo à prefeitura já no pleito subsequente, em 1982, ainda pelo regime bipartidário, quando só havia MDB e Arena. Ele conta que durante o sistema político bipartidarista, ambos partidos lançavam mais de um candidato. “Nesse pleito eu e o Valmir Gomes da Rocha Loures éramos os candidatos do MDB por Laranjeiras. Pela arena era o Teófilo e mais alguém…). O partido que tivesse mais votos nacionalmente, empossava o seu candidato mais votado no município. “O Rocha Loures fez mais votos que eu naquele pleito”, lembra Lauro.

Lauro Ruths volta a concorrer em 1989, já no sistema democrático, quando outros partidos começaram a ser criados. Foi eleito. “A democracia foi a melhor coisa que aconteceu”, pede um parêntese destacando sua opinião.

Diz que embora o município fosse do Iguaçu ao Piquiri, com grande demanda por abertura e conservação de estradas – o que diz ter feito sempre com recursos do município – foi mais fácil administrar naquele período do que no segundo mandato, quando haviam acabado de se emancipar –  Nova Laranjeiras, Virmond, Porto Barreiro e Rio Bonito – ficando num primeiro momento, com uma sensação de encolhimento e com recursos, de fato, muito restritos. “Mas foi só o sentimento dessa primeira fase, nesse novo modelo. Porque depois os desmembramentos foram positivos, atraiu o olhar de mais políticos fortes para a região e Laranjeiras se tornou um polo importante, tanto de bancos, como hospitalar, serviços tributários e principalmente na educação superior”, intervém.

O senhor teve um intervalo entre uma gestão e outra, mas com sucessor entre elas. Então foi um período longo de comando?

Na verdade apoiei o José Augusto como sucessor, com o compromisso de ser o candidato do grupo para deputado estadual. Mas não foi isto que aconteceu. Não tive intervenção alguma no mandato dele.

E a eleição para o segundo mandato como foi?

Tive uma votação que me emociona até hoje. Mais de 50% dos votos. Eram três candidaturas. Havia feito uma primeira gestão responsável, o povo queria me apoiar para o legislativo estadual. Como não concorri, me elegeram prefeito novamente.

E qual foi o saldo positivo em ações para o município?  

Vou falar sobre obras as principais dos dois mandatos. Foram mais de 150 quadras de calçamento, ligando bairros ao centro. A pavimentação e iluminação da Av. Ivan Ferreira do Amaral, que curiosamente, foi feita na década de noventa e o asfalto está bom até hoje. A praça da Igreja N.S. Aparecida e Parque do Lago, com recurso do Paraná Urbano. Trouxemos a 2ª Cia do 16º Batalhão da PM (ficou faltando a liberação, o que meu sucessor concluiu. A criação da Vila Rural. Construímos a Escola Teotônio Vilela, no Presidente Vargas. Muitas escolas novas e reformas no interior. Foram mais de 100 salas de aula, entre novas e reformadas. A vinda da Unicentro para Laranjeiras, que era um projeto de descentralização da instituição, mas que poderia ter ido para outro município, não fosse o empenho do prefeito. A vinda do INSS. Implantação dos núcleos da agricultura e educação, consolidando o município como sede administrativa da Cantuquiriguaçu. Também fizemos importantes aquisições.

Aquisições de terrenos?

Sim, imóveis importantes. O terreno para o lixão, parque de máquinas que foi ampliado, terreno da Manasa, que hoje está cedido para a Associação dos Servidores Públicos Municipais, terreno para as escolas Aluísio Mayer e Laranjeiras, terreno para a construção do Caic, este particularmente interessante pois tive a felicidade de encontra-lo e concluir a compra em menos de 15 dias, em tempo de não perder o recurso federal para a construção da obra que tenho satisfação em tê-la executado. Também fiz muita aquisição de equipamentos para o setor rodoviário, saúde e educação.

Além do tamanho do município o que mais marcou a diferença de uma gestão para outra?

O orçamento que antes era maior. Em relação aos períodos de ditadura militar e democrático, no segundo, era uma fase de muitas novidades. No último ano do 2º mandato implementamos a Lei de responsabilidade fiscal. Isto passou a fazer muita diferença. Os processos licitatórios eram como agora, em que pese haver mais exigências hoje.

O senhor tem alguma frustração ou se arrepende de não ter feito algo, durante seus mandatos?

Eu fiz o que foi possível, dentro dos recursos que tínhamos, naquele tempo. Frustração, isso tenho sim. Mas no campo político. Fui traído politicamente por quem considerava companheiros. E quando vem de aliados a gente não esquece, porque dos adversários a gente respeita. Já espera que sejam contrários às nossas ideias e ideologias. Isto é bom para a democracia. Mas observando a trajetória das pessoas que foram desleais a mim, concluo o seguinte: quem age dessa forma tem vida curta na política.

Para concluir, Lauro Ruths diz que gostaria de cumprimentar Laranjeiras pelos 69 anos:

“Como essa entrevista é pelo aniversário da cidade, eu quero finalizar reconhecendo o trabalho de todos os ex-prefeitos e vereadores, que de acordo com sua época, recursos e entendimento político, deram suas possíveis contribuição ao município. Mas especialmente, quero manifestar minha gratidão aos heróis anônimos, que são os trabalhadores que ajudaram a construir essa cidade, feita de um pouco de cada um”, finaliza.

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