Postagem de acadêmica da UFFS em rede privada, vaza e ganha repercussão em Laranjeiras do Sul

A acadêmica diz que o desabafo ocorreu após ter ficado indignada ao participar de uma festa, onde só tocava eletrofunk, e sua amiga ter sofrido assédio, além de ter ouvido comentários racistas a seu respeito. O delegado diz que lamenta o post que considera ofensivo, e que toma providências.

Desde a segunda-feira (08), circula nas redes sociais de Laranjeiras do Sul, o caso da acadêmica do 5º período do curso de Economia da UFFS, que teve uma postagem, cujo conteúdo desagradou laranjeirenses, divulgada por algum dos seguidores de sua conta privada no Twitter, onde segundo ela, tem cerca de 40 contatos, quase todos de seu Estado de origem (SP).

Num primeiro contato com Comcafé, na noite desta terça-feira (09), a estudante rebateu as acusações de que tenha dirigido uma ofensa generalizada aos laranjeirenses, conforme publicado no Blog Meia Hora Notícias, através do qual, segundo ela, recebeu uma série de injúrias e manifestação de racismo de leitores. “Não existe racismo de negros contra brancos ou, como gostam de chamar, o tão famigerado racismo reverso. “Primeiro, é necessário se ater aos conceitos. Racismo é um sistema de opressão e, para haver racismo, deve haver relações de poder”, disse, citando a mestre em filosofia pela USP, Djamila Ribeiro.

Thamiris Costa.

“Para haver racismo reverso, precisariam ter existido navios branqueiros, escravização por mais de trezentos anos da população branca, negação de direitos a ela. Brancos são mortos por serem brancos? São seguidos por seguranças em lojas? Qual é a cor da maioria dos atores e apresentadores de TV? Dos diretores de novelas? Da maioria dos universitários? Quem detém os meios de produção? Há uma hegemonia branca criada pelo racismo que confere privilégios sociais a um grupo em detrimento de outro. […]”, discorreu a universitária.

Delegado Igor Rabel Corso.

“Lamento o conteúdo da postagem, tomei as providências que me competem de oficio para plena apuração da conduta, instaurando o inquérito. A lei é para todos, e antes de termos cor, raça, etnia ou naturalidade, somos humanos e cidadãos brasileiros, cada um tendo o dever e o direito de respeitar e ser respeitado.” Disse o delegado da Policia Civil, Igor Rabel Corso, afirmando que tomou conhecimento do caso, por meio da imprensa.

Advogado Bernardino Camilo da Silva.

 

Na tarde desta quarta-feira (10), o advogado de defesa da estudante, Bernardino Camilo da Silva, em nota à imprensa, manifestou dentre outras considerações, que: “O desabafo da estudante definitivamente não foi racismo e o conceito de racismo não é algo que se explique em uma nota pública, cabendo esse debate à universidade, mas enquanto isso, não é racional que uma jovem, mulher, negra, marginalizada desde seus antepassados, seja execrada por manifestar-se de forma crítica com relação ao comportamento de determinados indivíduos.”, conclui.

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