Setor leiteiro da região Cantuquiriguaçu precisa se organizar coletivamente para se desenvolver, diz investidor mexicano

“Organizar o setor para pautar o preço do produto e dos insumos, assim como em prol de políticas públicas de incentivo para que os pequenos produtores possam continuar na atividade, sobretudo após às instruções normativas (INs) 76, 77 e 78 que entram em vigor, obrigando-os a adquirir resfriadores individuais.”

Com uma produção atual de  4 mil litros por dia, ordenhando 140 vacas holandesas por sistema robotizado – no empreendimento Alba Leite, que operacionaliza há um ano, com alta tecnologia, numa área de 50 alqueires, em Laranjeiras do Sul – o mexicano Roberto Alagón Martinez, avalia que a região carece de uma organização institucional coleiva, como uma associação regional, que venha a favorecer todos os produtores na intermediação de interesses comuns.

Roberto Alagón Martinez

De acordo com o empresário, que escolheu a região de Laranjeiras para investir no Brasil, por conta de relações familiares, a região é propícia para a produção leiteira, considerando que seu negócio superou as expectativas, já no primeiro ano. No entanto, observa que diante da nova instrução normativa (INs) 76, 77 e 78 que passa a vigorar, muitos pequenos produtores terão dificuldades.

“Para o desenvolvimento do setor leiteiro na região, tanto em termos de produção como de condições de negociação, é preciso que tenhamos uma organização que represente especificamente, a categoria. Nesse curto período que passei a investir no setor leiteiro, embora esteja com boas perspectivas, percebo que a condição da maioria dos produtores, tento em melhorar a genética de seus rebanhos, como de atender todas as exigências fiscais e sanitárias, da alta no preço dos insumos  e das incerteza no preço do produto, tem tornado cara a produção. Para tanto, penso que precisamos de união em torno de um organismo forte, que busque incentivos e subsídios, tal como acontece nos países líderes mundiais de produção,”, considera o produtor, que se coloca á disposição para auxiliar na criação de tal organismo.

Com relação aos subsídios (financiamento com juros menores), Roberto Alagón destaca que a necessidade, é sobretudo pela demora de retorno financeiro que se obtém de cada animal. “A começar pela gestação de uma novilha, que é de 9 meses. Depois que nasce, leva mais 2 anos de muito cuidado e investimento para começar a dar retorno, sem falar da instabilidade, pois sempre está acontecendo algo com o leite e lamentavelmente, nós produtores somos vítimas dos atravessadores”, destacou.

Sobre a expectativas para os próximos cinco anos, Alagón diz que é de crescer em volume de produção e que é preciso seguir nesse caminho pelo potencial que a região apresenta em todos os aspectos. Mas que seria importante os itens subsídio e melhoramento genético passassem a ter mais espaço. “Uma forma que penso estar contribuindo, a partir da atividade que desenvolvo é a doação de bezerros machos de alta genética leiteira, para que os pequenos produtores possam cuidar e inserir como reprodutores nas suas propriedades. Outra possibilidade que já aproveito para divulgar, é que passaremos a ofertar novilhas de alta genética leiteira, já inseminadas da primeira gestação a preços justos”, complementa Roberto.

Sobre o preço atual de comercialização do leite, Roberto disse que houve um boicote, quando o preço do litro baixou de R$ 1.75 para os atuais R$ 1.60. Isto, por conta, além da baixa diversidade de produção de derivados do leite, da política de livre comercio com a Europa, cuja soma das tarifas chegava a ser de 42,8%, e com a extinção das  tarifas compensatórias de dumping,  no início de 2019, que eram de até  28%, deu-se larga vantagem para o mercado  europeu, o que vem resultando em desvalorização do produto interno.

O modelo de produção com alta tecnologia da Alba Leite, em Laranjeiras do Sul

Regiane Bavaresco.

Em um barracão climatizado com capacidade para mais de 200 cabeças, os amimais são monitorados por sistema digital, a partir de leitura de chip instalado na orelha, possibilitando o controle de todas as suas necessidades e estimativa de produção.

A técnica responsável pelo monitoramento dos animais,  Regiane Bavaresco, explica que os robôs fazem mais que ordenhar as vacas. “A cada entrada do animal para a ordenha, é feita uma leitura de todo o seu condicionamento físico indicando todo o seu quadro de saúde e rendimento. Através dos índices de cada elemento, mostrado nos gráficos, a gente sabe se há algum índice de mastite, por exemplo. E então, já fazemos o controle preventivo. Em caso de persistir o indicativo, o  leite dessa vaca vai para descarte”, esclarece Rejane, afirmando que o índice de mastite no sistema robotizado é muito baixo, principalmente pela elevada higiene que os equipamentos proporcionam.

Já, o sistema de ordenha é espontâneo. A vaca procura o brete robotizado tanto para esvaziar o ubre cheio, como pelo estímulo da alimentação com minerais que recebe, enquanto é ordenhada. Os robôs tem capacidade para ordenhar 70 vacas por dia em até 4 sessões cada uma, até somar a quantidade estimada de produção de leite por animal/dia.

As vacas duram um período de 4 a 6 lactações, e atualmente na Alba Leite, a produção média por animal é de 37 litros por dia, sendo que uma parte das vacas, já está atingindo os 50 litros por dia.

 

 

 

 

 

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