Setor leiteiro,há quase dois anos sofrendo desvalorização

Com a desvalorização do leite, em função da importação, e dificuldade de acesso a financiamentos, entrada de inverno seco, somados a prejuízos com a greve, a previsão é de que muitos produtores abandonem o setor.

Ernani Tabaldi em trabalho de ordenha do leite, em sua propriedade.

Um dos setores imediatamente atingidos com a Greve dos Caminhoneiros foi o da produção leiteira, composto em maior parte por pequenos produtores da Agricultura Familiar, e  que já se encontram em desaceleração da produção pela desvalorização da política de preços.

O Produtor de Laranjeiras do Sul, Ernani Tabaldi, que produz 400 litros/dia, conta que até 2016, os produtores de leite estavam satisfeitos. “O preço do leite vinha se mantendo bom e o custo de produção estava adequado. Mas, desde de 2017, a coisa está bem difícil. Os produtores já estão descartando animais, sem falar que entramos num inverno seco, e teremos que comprar alimento para as vacas”, comenta Ernani.

Ainda conforme comenta Ernani, apesar de tudo, os pequenos produtores ainda suportam por mais tempo, porque o custo de produção é menor, em relação aos grandes, para os quais já não compensa, devido às despesas com funcionários e equipamentos.

Um estudo feito pelo professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Pedro Ivan Christoffoli, em 2015, mostra que o sistema convencional consegue produzir mais leite, em menos áreas. No entanto, os custos são mais elevados, cerca de R$ 0,58 por litro de leite, enquanto que o agroecológico investe cerca de R$ 0,26, por litro, em insumos homeopáticos

O arroxo do setor já manifestado desde o início de 2017, quando a importação de leite subsidiado de países como Argentina, Uruguai e até da Europa, fez com que os preços despencassem, gerando um desequilíbrio em relação ao custo da produção.

O preço praticado atualmente, varia entre R$ 1,20 e R$ 1,25, inferior ao praticado em 2016, quando era R$1,55. E de acordo com os representantes, além do produto ter baixado, o valor dos insumos só aumentaram.

Greve e outros fatores

Além das cargas de leite descartadas após a adesão ao movimento dos caminhoneiros, houve ainda o descarte nas propriedades por falta de espaço para armazenamento, e o cessamento da produção durante o impasse.

A Cooperativa Cooperoeste que produz as marcas Terra Viva e Amanhecer, encerrou a coleta junto ao produtor por uma semana, por falta de embalagem, além de outros itens que não chegaram. O presidente da Cooperoeste, Sebastião Vilanova diz que o setor entrou em grande dificuldade no início de 2017, principalmente para a indústria do leite tipo UHT que enfrenta a concorrência direta, pois o preço da matéria-prima subiu e mesmo fazendo a comercialização, não compensa. “Além disso, já que o mercado com o desemprego que existe, não absorve o produto, os bancos também não liberam os financiamentos para o setor”, avalia.

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