Sob protestos do agronegócio, MP realiza debate sobre agrotóxicos na regional de Guarapuava

A polêmica se acirrou desde que o MP colocou cartazes na cidade, com informações oficiais que são alarmantes, sobre às  doenças, contaminação das águas, extermínio da biodiversidade e demais malefícios que têm como causa os agrotóxicos.

Uma audiência pública promovida pelo Ministério Público do Trabalho do Paraná,  APREA – Associação Paranaense dos Expostos ao Alimento e Observatório do Uso do Agrotóxico e Suas Consequência Para a Saúde Humana no Estado do Paraná, contou com grande número de interessados pelo tema, na última sexta-feira (04), no Campus Cedeteg da Unicentro, em Guarapuava.

De acordo com o exposto pelo procurador de justiça do MPPR, Saint Clair Honorato Santos e pela promotora Margaret  Matos de Carvalho, após a divulgação do evento que está sendo realizado em todas as regionais do Paraná, sobretudo para conscientizar a população, após a desenfreada liberação de novos agrotóxicos, que vem acontecendo no Brasil, desde 2018, outdors contestando as informações oficias trazidas a público, foram espalhados pela cidade de Guarapuava, o que foi interpretado como uma reação negativa do agronegócio, que viu a iniciativa como algo contrário aos interesses do setor.

Após a abertura do evento pelo procurador Saint Clair, a promotora Margaret fez exposição de todo o quadro de riscos a que toda a população está exposta, a partir das diversas formas de contaminação, deste a quantidade exacerbada de elementos tóxicos e cancerígenos, contidos nos venenos mais utilizados para a produção de monocultura na região, feita dentre outras formas pela pulverização aérea, às quais não se tem controle, pois não bastasse os resíduos que ficam nos alimentos, a deriva e as correntes de água perpassam fronteiras, levando diretamente o veneno até a população.

Durante todas as falas dos integrantes da mesa, um grupo de representantes dos agrotóxicos e do agronegócio, tentou interromper os discursos dos pronunciantes, com palavras de ordem que eram repetidas como: “é mentira” e “parem com isto”. No entanto, quando chegou a vez da palavra aberta aos participantes, o grupo de protestantes já havia deixado o local, tendo sido ocupado  espaço contraditório por um professor e  alguns alunos de Agronomia, da instituição anfitriã, que disseram não concordar com o debate, pois mesmo com as consequências, o uso de veneno é a alternativa para que a produção de grãos no Brasil, siga batendo recordes e dando visibilidade ao país, como um grande celeiro internacional na produção.

A colocação foi contestada tanto pela mesa, como por outros participantes, ressaltando que a finalidade da produção da monocultura de grãos pelo agronegócio é apenas a obtenção de lucros de alguns com a venda de commodities para os países importadores, enquanto toda a população é massacrada com as consequências ambientais e de saúde, sendo que a produção de alimentos para consumo é realizada em mais de 70% pela agricultura familiar, que diversifica a produção e vem migrando cada vez mais para uma plantio livre de venenos.

“É justo que a população que paga pela água, receba uma água envenenada em sua torneira, adquirindo doenças e todos os problemas ambientais, enquanto uma parcela fatura alto?” e ainda, “Porque será que ninguém duvida, dizendo ‘é mentira, mas de forma comprovada’, diante desses números que mostram a realidade  e que são cientificamente comprovados, que exponho aqui, aos senhores?”, destacou a promotora, ao mostrar dados do Ministério da Saúde e do estudo intitulado ‘Atlas: Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia’ realizado pela pesquisadora Larissa Bombardi, publicado em 2017.

Confira imagens de alguns dos dados oficiais e alarmantes, reforçados no evento, para conhecimento e precaução da população:

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