Teatro Musical Saltimbancos com mais de 60 pessoas da comunidade no palco, agradou público

Cerca de 250 pessoas, entre crianças, adolescentes, jovens e adultos prestigiaram o teatro musical Saltimbancos, adaptado para uma crítica social da atualidade, ofertado com entrada franca.

Oficina para produção de Saltimbancos, no Centro da Juventude.



Realizado por iniciativa da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) em Parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), com apoio da Prefeitura de Laranjeiras do Sul e do Teatro Unificado de Laranjeiras do Sul (TULS) – este com muitos de seus integrantes envolvidos – o espetáculo de teatro musical Saltimbancos, teve maioria das canções interpretadas no Palco do Cine Teatro Iguassu, neste domingo (26).

O espetáculo foi o resultado de uma oficina de três dias, ministrada pela Me. Priscilla Prueter, docente da UTFPR – Curitiba, tendo adaptado o espetáculo com a participação dos inscritos e dirigido a peça, contando ainda com o auxílio da Me. Andréia Fey, profissional que hoje reside em Laranjeiras do Sul, formada em música pela UEL.

Oficina em momento específico para multiplicadores culturais, no Centro da Juventude

Priscilla Prueter disse que se surpreendeu com a qualidade das vozes e talentos para a interpretação, manifestados durante os três dias da oficina. “Disse muitas vezes ao grupo que não falta nada em termos de capacidade e talento para que tenham ações culturais de peso na região. É claro que precisa-se de apoio. Mas quando se pode contar com a criatividade e comprometimento de pessoas, os meios são viabilizados”, reforçou a maestrina.

Outro aspecto muito importante, salientado por Priscilla foi a oportunidade de pessoas se conhecerem e se somarem em prol da cultura. “Não vim aqui com a pretensão de apresentar um grande espetáculo. Sabemos que em três dias isto é impossível. Mas posso dizer que proporcionalmente ao tempo que tivemos, o espetáculo foi bom e o mais importante foi ter promovido um agito cultural na cidade. Este era o principal objetivo”, completa.

Oficina para produção de Saltimbancos, no Centro da Juventude.

A Me. Andréia Fey, que sempre teve vontade de criar e montar um coral na cidade, conta que foi inspirada numa vinda de Priscila para Laranjeiras, em 2013, que iniciou o Coral da UFFS, que regeu por três anos e que ano passado, principalmente em função das greves e ocupações de escolas e universidades, teve os alunos dispersos e desde então, está avaliando se retoma ou se inicia um novo projeto, talvez dando continuidade à semente plantada pelo coletivo que se uniu em torno de Saltimbancos neste final de semana. “Quero muito seguir ensinando a minha arte que é a música. O que precisamos são de pessoas que realmente queiram levar adiante e alguma organização e apoio”, disse Andréia.

“Linda Apresentação Saltimbancos, organizado em apenas 3 dias!!! Parabéns aos Todos envolvidos que se esforçaram para esse espetáculo lindo  Mais Arte para Laranjeiras do Sul !”, Publicou a internauta Paula de Paula.

A versão do espetáculo na perspectiva da crítica política e social

A versão de Saltimbancos apresentada neste final de semana em Laranjeiras do Sul, foi uma releitura da adaptação de Chico Buarque que foi inspirada no conto dos irmãos Grimm “Os Músicos de Bremen” – e  teve foco na realidade política pela qual passa o Brasil e o Estado do Paraná, nos últimos dias. Dentro do contexto apresentado, o Burro representava os trabalhadores rurais e em geral, que depois de muito carregar carga pesada e contribuir, agora perdem o direito à aposentadoria, uma vez que tal previsão praticamente exclui as chances de uma pessoas que vai ficar 15 anos a mais trabalhando, vir a ter saúde e ânimo para desfrutar de um final justo.

O cachorro é colocado como representante do povo, que no instinto de servir a algum senhor, muitas vezes não se une em torno daquilo que é de interesse dos seus iguais, acabando por se voltar contra o próprio interesse.

Já a galinha, que no original da música, é sentenciada a ser transformada em canja, depois de parar de botar e xocar ovos, é apresentada como os professores que mesmo sofrendo todas as retaliações e perda de direitos, principalmente as mulheres são duplamente massacradas, tendo além do aumento do tempo a equiparação de idade para se aposentarem.

E por fim a gata, que manifesta ter descoberto o prazer da liberdade sem querer, depois de ter perdido as regalias (detefon, almofada e trato…filé-mignon), por ter desobedecido as ordens que antes eram suas prisões, embora perecessem zelo.

Como amarra dessas história e com pano de fundo focado na crítica social, os personagens interpretaram os bichos fazendo um link inteligente entre cada música. O espetáculo finaliza com as músicas Dorme a Cidade e Bicharia, ressaltando que só a união dos bichos  promove as mudanças sociais que se desejam, mesmo diante de um cenário de desafios e que a revolução só acontece pela união desses bichos (povo).

Enquanto o espetáculo acontece no palco, manchetes das notícias atuais, anunciando as retiradas de direitos dos trabalhadores e desmonte de algumas organizações sociais, são mostradas em um telão, sincronizadamente ao desenrolar das apresentações. O espetáculo, de acordo com a maestrina, procurou cumprir com o pepel fundamental da arte, que é ser instrumento de libertação.

 

 

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