Da série mães além do coração:

Para ela a maternidade não cessou quando uma doença levou o seu único filho, aos 41 anos. Diz que foi mãe de muitos, pelo menos de 12, entre filhos de familiares e de pessoas que precisaram de seus cuidados e zelo, enquanto estudavam e eram incentivados por ela.

Geni de Paula Sathler.
Geni de Paula Sathler.

A força e a valentia que sempre presenciou na mãe Antônia Ursulina de Oliveira Xavier, que viveu ativamente até aos 81 anos,  fizeram com que a laranjeirense Geni de Paula Sathler, hoje com 88, suportasse a dor da perda do filho, Orcílio Tadeu de Paula Sathler, que aos 41 anos a deixou por motivo de doença.

A perda de familiares muito próximos foi recorrente na vida de Geni. Com sete anos e meio, perdeu o pai, João de Paula Xavier, com apenas 42 anos, também por motivo de doença. A mãe, com o 5º filho, de apenas 18 dias nos braços, trabalhava sem parar, gerenciando terras e empregados. “Como ela tinha de viajar muitas vezes para tratar da questão do inventário. E as viagens eram longas, levava-se oito dias para ir daqui até Ponta Grossa, onde vivia a família de meu pai. Iam de carroça”, lembra Geni, ao contar que a mãe optou por levá-la para um colégio de freiras, em Guarapuava, depois para Curitiba, para que estudasse e não ficasse muito tempo sozinha.

Com 16 anos, ela voltou para casa, ajudar a mãe que abriu uma espécie de pousada, onde recebia hóspedes que passavam por Laranjeiras do Sul, que na época era de poucas habitações e moradores.  Nesse período conheceu o esposo e pai de seu único filho, que teve seu nome, pois militar vindo de Minas Gerais (MG) com a família, hospedou-se na pousada de sua mãe. Geni continuava morando com a família, pois o esposo viajava muito a trabalho. Nesse período, ela  viu o irmão mais novo morrer aos 18 anos, vítima de uma pneumonia.

Ainda adolescente Geni, que para a época já era uma mulher feita, casou-se aos 17 anos. Quando estava com 19, nos primeiros meses de gravidez de seu filho, recebeu a impactante notícia de que seu esposo, que se encontrava no Mato Grosso a trabalho, havia falecido. Ela conta que foi difícil, mas como ainda tinha o colo da mãe e também era amparada por cartas, pela sogra e cunhadas – que haviam voltado para MG – assim como a expectativa do filho que iria nascer, a vida voltou ao normal. Depois veio a perda da mãe, mas como 81 anos. Mas que na época era considerada idade avançada, o que também foi algo natural, logo aceito e superado.

“Já, a morte de um filho é outra história. É um pedaço da gente que se arranca em vida”, resume Geni. Mas ressalta que acredita em Deus, sendo uma mulher de muita fé. Diz que ao contrário do que pode parecer, não sofre de solidão, pois ao longo da vida, sempre cultivou o carinho de amigos e familiares. Ela também criou muitos filhos que não a deixam sem visitas, presentes e companhia, não só no dia das mães, mas cotidianamente. “Hoje mesmo, minha sobrinha Marília almoçou comigo. Ela é uma dos que também sinto como filhos, pois viveu comigo, cuidei dela”, conta a simpática Geni, que vive de forma exemplar, numa casa aconchegante e cheia do seu toque pessoal originalíssimo, em meio a belíssimas orquídeas e samambaias.

Mesmo tomando muitos remédios para atenuar os sintomas de uma herpes Zoster, mais conhecido como vírus da varicela, ou vírus da catapora, que pode ressurgir após 700 anos, Geni não tira o sorriso do rosto, quando não gargalhadas ao lembrar das muitas histórias engraçadas que vivenciou. De família numerosa na cidade e na região, Geni é neta do pioneiro Guilherme de Paula Xavier, nome da Rua dos Correios, onde foi funcionária até se aposentar.

O dia das mães não sabe ainda como vai comemorar. “Só sei que como é de costume, eles passam cedo me buscar e temos sempre um dia muito especial”, adianta.

 

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