Souza Cruz pede qualidade aos produtores, para não perder mais mercado

Atingida no Brasil, principalmente pelas permanentes e eficazes campanhas contra o tabaco, assim como pelo contrabando e falsificação  de cigarros, que de acordo com técnicos da multinacional chega a 70% em algumas regiões, Souza Cruz busca agradar mercado externo.

Seminário da Souza Cruz com produtores de fumo, em Laranjeiras do Sul.
Seminário da Souza Cruz com produtores de fumo, em Laranjeiras do Sul.

Em seminário com mais de 150 produtores de fumo de Laranjeiras do Sul e Região, na última quarta-feira (18), a maior compradora, fabricante e exportadora de tabaco da América Latina, Souza Cruz, faz ponderações curiosas e pede qualidade. O tipo de tabaco que é produzido no Brasil é o Burley.

A multinacional admite que o mercado brasileiro encolheu de forma extraordinária, tanto pelas campanhas contra o fumo, como pelo contrabando de cigarros. “Estamos vendo que daqui a uns dias, para o padeiro vender cigarro vai ter que esconder embaixo do balcão e se abaixar para pegar, apenas para aqueles que solicitarem”, ironiza o técnico, complementando que a indústria foi obrigada a utilizar a maior parte da embalagem destacando os malefícios do fumo e os tipos de doenças, deixando apenas um espaço invisível para a marca.

O contrabando de cigarros do Paraguai, também é apontado pela empresa como outro grande percalço. “Para vocês terem uma ideia, em Curitiba, chega a ser de 70 % a venda e consumo de cigarros contrabandeados. Isto é péssimo, para a Souza Cruz, para vocês produtores, para o governo que deixa de arrecadar R$ 4,5 bilhões, em impostos. Além disso, o consumidor consome produto sem controle de qualidade, contendo até fezes de rato, o que faz mal à saúde”, discorreu o palestrante.

Diante dos desafios, a Souza Cruz destaca a qualidade da produção do Brasil, que é o segundo maior produtor mundial. A China é o primeiro. Mas não só consome tudo o que produz, como compra 65% da exportação brasileira. Os outros 40 % da exportação vai para a União Europeia, este com o mercado mais exigente do mundo, dizem os técnicos. O terceiro maior produtor mundial de tabaco é a Índia, e quarto, os EUA.

Produtor de fumo, Nicolau Hlasczuk.
Produtor de fumo, Nicolau Hlasczuk.

“O fumo que vocês plantam é consumido e avaliado pelos mercados mais exigentes. A China porque é o maior produtor, eles entendem e muito de fumo. E a União Europeia, onde estão as pessoas com muito dinheiro. Esses consumidores, quando não aprovam a qualidade de um produto, não só deixam de comprar como influenciam cinco ou seis pessoas a deixarem”, expõe.

O produtor Nicolau Hlasczuk, de Alto São João, planta fumo há 20 anos, e entrega para a Souza Cruz. Ele diz que tem apenas dois alqueires terra, por isso, tem na produção de fumo um bom incremento na renda. “É mais rentável que outras culturas. Na entressafra planto milho e feijão. Hoje usamos 70% a menos, do veneno que se usava quando comecei”, observa.

Em 2014, segundo dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a participação da Souza Cruz no mercado de cigarros atingiu 78,4%, com um volume de 56,8 bilhões de cigarros comercializados. Já, o mercado ilegal de cigarros no Brasil, compreendido pelo contrabando, pela falsificação, e pela comercialização sem o pagamento de todos os tributos, representava cerca de 29% do mercado brasileiro de cigarros.

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